CALAMIDADE PÚBLICA

Águas do Rio dos Sinos chegam ao centro de São Leopoldo; veja a situação de outras cidades gaúchas 

Em Canoas, cidade vizinha a Porto Alegre, a estimativa é que cerca de 200 mil pessoas são afetadas pelas inundações

Brasil de Fato Porto Alegre |
Ruas do centro de São Leopoldo na manhã deste domingo (5) - Foto: Lisandro Lorenzoni / Prefeitura de São Leopoldo

Desde o final de semana passado o Rio Grande do Sul tem sido impactado por chuvas ininterruptas, fazendo com que o governo do estado publicasse no dia 1º de maio o Decreto 57.596 que declara estado de calamidade pública no estado. A tragédia climática causou inundações em diversas bacias hidrográficas, além de deslizamentos, fluxos de detritos, queda de barreiras, colapso de rodovias e pontes. 

:: Famílias das cidades de Canoas e Eldorado do Sul pedem Socorro ::

Na região metropolitana a elevação dos rios que banham a região, como Rio dos Sinos e Gravataí, causou enchentes, chegando a cobrir inúmeras residências. 

Em Eldorado do Sul, até este sábado (4), mais de 90% da cidade estava debaixo d’água e 95% dos moradores foram afetados, de acordo com a prefeitura. Segundo a autarquia municipal todos os bairros da cidade foram atingidos. Muitas pessoas encontram-se em situações extremas, aguardando desesperadamente por socorro, enquanto muitas outras permanecem isoladas em cima de telhados e em áreas inundadas.

“Neste momento crítico, a Prefeitura de Eldorado do Sul, por intermédio de sua Defesa Civil, clama por ajuda solidária, tanto a nível militar quanto do governo estadual e federal. Apelamos a todos os proprietários de embarcações a motor que tenham a capacidade e os meios para prestar assistência que se apresentem, imediatamente”, apelou o Executivo municipal. 


Canoas 

Em Canoas, cidade vizinha a Porto Alegre, a estimativa é que cerca de 200 mil pessoas são afetadas pelas inundações. Com mais de 50 mil pessoas vivendo em áreas de risco, a prefeitura, neste sábado, orientou a população de todo o lado oeste da cidade a deixar suas casas e buscar abrigo em locais mais altos e seguros do município.

Na noite deste sábado moradores fizeram um cordão humano para ajudar a rebocar uma lancha e um barco com inúmeras pessoas no bairro Mathias Velho

Novo Hamburgo 

Na manhã deste domingo o nível do Rio dos Sinos recuou de 9,73 metros para 9,23 metros. O município está acolhendo cerca de 4.000 pessoas atingidas pela cheia do Rio dos Sinos em abrigos coordenados pelo Executivo municipal. Além deste total, há pessoas abrigadas em igrejas e outras instituições, que são responsáveis pela administração destes pontos. 

A Defesa Civil de Novo Hamburgo e os Bombeiros continuam com as equipes mobilizadas nas ruas da cidade. Os telefones de plantão da Defesa Civil são: 99707-9954 | 98058-9979 | 98013-9178 | 99920-8131 | 99467-6568. Em caso de emergência, ligue para Corpo de Bombeiros através do telefone 193 ou 3595-1123. 

São Leopoldo 

A Prefeitura de São Leopoldo (RS), na Região Metropolitana de Porto Alegre, decretou situação de calamidade pública. A medida foi anunciada na manhã deste sábado (4), depois que o nível do Rio dos Sinos, que corta a cidade, atingiu 8m07cm, ultrapassando em mais de 1,3 metro a cota de inundação na cidade, de 6,70m.

A oscilação do Rio dos Sinos fez com que na madrugada deste domingo (5) as águas que já haviam atingido os bairros da região oeste de São Leopoldo, como bairro Vicentina e São Miguel, chegasse às ruas do centro da cidade.

De acordo com o Executivo municipal a orientação é para que os moradores das primeiras ruas deixem suas casas e busquem abrigo na casa de familiares ou amigos, ou ainda os abrigos da prefeitura.

As ruas mais alagadas se concentram no entorno da Praça da Biblioteca e avançam inicialmente em direção à avenida João Corrêa. Um espelho se forma nas ruas transversais à rua Independência e já ultrapassou a rua Conceição, na Praça dos Correios. A água chega ao nível das janelas das casas nas primeiras ruas, entorno da Praça da Biblioteca.

Conforme informa a prefeitura mais de 150 mil pessoas estão desalojadas ou desabrigadas. Mais de 18 locais acolhem famílias pela cidade. As equipes do Grupo de Crise e Resgate estabelecido com as forças de segurança vêm atuando no atendimento dos chamados. 

Águas represadas 

“Tivemos muitas chuvas na Serra, em vários pontos, inclusive nas cabeceiras do Rio dos Sinos, o que trouxe água pelo Vale do Rio dos Sinos. Mas também toda água que chega pelo rio Jacuí, vindo do Vale do Taquari, vindo do Alto Jacuí. Essa região toda chegou em Porto Alegre nos últimos três dias, e esse volume de água que chegou acaba represando as águas do Rio dos sinos”, expõe Iporã Possantti, hidrólogo e doutorando do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (IPH/Ufrgs). 

Conforme explica Iporã, o Rio dos Sinos acabou ficando engarrafado pelas águas do próprio rio Jacuí do delta, que está causando a situação trágica na região mais baixa de Eldorado do Sul, Porto Alegre e Canoas. “Um pouco mais para cima, em São Leopoldo, por exemplo, essa água ficou represada. Em muitos lugares me consta que os sistemas de proteção como diques que tem Canoas, comportas que existem em São Leopoldo, falharam. Não foi uma do sistema inteiro, mas em vários pontos houve essas falhas, e não segurou a água”, pontua. 

Segundo Iporã, como o sistema de proteção não foi completamente seguro, acabou produzindo o efeito de entrar a água dentro da cidade que estava protegida pelo sistema de proteção de diques. “Então, nós tivemos as chuvas, mas também nós tivemos as chuvas em outros lugares que trouxe a água para o rio Jacuí, para a planície aqui do Vale do Delta e que represou também as águas do Rio dos sinos. As águas do Rio dos sinos acabaram ficando engarrafadas, digamos assim, nesse entroncamento de águas que tem aqui no Delta do Jacuí." 

O IPH criou um mapa interativo que apresenta uma estimativa da inundação do evento em curso em maio de 2024 para a região metropolitana, incluindo o Vale do Sinos, Gravataí, Caí, Jacuí e margens do Lago Guaíba. Para o mapeamento das áreas potencialmente inundadas, foi considerada a ausência de estruturas de proteção (como muro, diques, casas de bombas, etc). 

Conforme destacam, o mapa da Região Metropolitana de Porto Alegre é uma estimativa mais simplificada que a de Porto Alegre em razão da escassez de dados precisos em todos os municípios. O mapa pode ser conferido neste link.

 

Abaixo números para resgate

Canoas 

Os pedidos de resgate devem ser feitos exclusivamente pelo número: (51) 3236-2000, por WhatsApp

Novo Hamburgo 

Os telefones de plantão da Defesa Civil são: 99707-9954, 98058-9979, 98013-9178, 99920-8131, 99467-6568. Em caso de emergência, ligue para Corpo de Bombeiros através do telefone 193 ou 3595-1123.

São Leopoldo

O contato é com a Defesa Civil pelo telefone (51) 99117-8291, (51), 98924-7852 ou Felipe pelo telefone (51) 98149-2749.

Esteio 

Pedidos de ajuda podem ser registrados pelos telefones 153 e (51) 98600-8355.

Sapucaia do Sul 

No caso de emergência, a solicitação pode ser feita pelos números 193 (bombeiros), 190 (Brigada Militar), 153 (Guarda Municipal) ou pelos telefones da Defesa Civil (51) 99440-0472 ou (51) 98928-2904.

Estância Velha

Em caso de urgência, ligue para (51) 99849 1761. O Corpo de Bombeiros, pelo (51) 3561-0837, e a Guarda Municipal, pelo 153, também são opções.

Campo Bom 

Em caso de emergência, entre em contato com a Defesa Civil ou Secretaria Municipal de Obras: (51) 99631-4625 e (51) 99803-3629.

* Com informações do Jornal NH, Agência Brasil e prefeituras.

Fonte: BdF Rio Grande do Sul

Edição: Katia Marko