AMÉRICA DO SUL

Presidente do Paraguai toma posse sob pressão da esquerda do país

Mario Abdo Benítez enfrentará graves problemas sociais e econômicos frutos das gestões anteriores de seu partido

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Mario Abdo Benítez, do Partido Colorado, foi eleito em abril com mais de 46% dos votos
Mario Abdo Benítez, do Partido Colorado, foi eleito em abril com mais de 46% dos votos - Divulgação

Mario Abdo Benítez, do Partido Colorado, assumiu nesta quarta-feira (15) a presidência do Paraguai e governará o país pelos próximos cinco anos (2018-2023). Ele foi eleito em abril.

Durante a cerimônia de posse, acompanhado do vice-presidente Hugo Velázquez, o presidente direitista apresentou os 13 ministros que irão compor o governo.

Em seu discurso, o presidente recém-empossado prometeu ampliar a base de contribuição no país para diminuir a falta de equidade no pagamento de impostos. Ele também defendeu melhorias no sistema educacional do país, já que apenas quatro a cada cem paraguaios concluiu o ensino básico.

Estiveram presentes na cerimônia diversos presidentes e representantes de governo, entre eles, os presidentes Evo Morales, da Bolívia, Maurício Macri, da Argentina, Iván Duque, presidente da Colômbia, Tabaré Vázquez, do Uruguai e Tsai Ing-wen, de Taiwan.

Na véspera da posse, as autoridades do país proibiram manifestações em Assunção, a capital do país, durante a cerimônia. A decisão foi criticada por diversas organizações sociais, que consideram um mau presságio para os próximos cinco anos o fato de um governo se iniciar de modo autoritário.

Perfil

Mario Abdo Benítez foi eleito no dia 22 de abril com 1,2 milhões de votos, cerca de 46% dos votos úteis, e substitui o ex-presidente, também do Partido Colorado, Horácio Cartes. Ambos representam a ala conservadora do Partido Colorado, que domina o Paraguai há sete décadas.

O atual governante do Paraguai é conhecido devido às suas relações familiares com a ditadura do país, por ser filho de Mario Abdo Benítez, ex-secretário pessoal do ditador Alfredo Stroessner, que governou o país durante 35 anos, até ser derrubado em um golpe de Estado e morrer no exílio em Brasília, em 2006, e de Ruth Benítez Perrier, sobrinha do militar stronista Rodolfo Perrier.

Oposição

No marco da posse do presidente direitista, a coligação Frente Guasú, que reúne partidos de esquerda e centro-esquerda, pediu ao novo presidente que estabeleça uma verdadeira mudança político-social, considerada necessária para resolver a atual situação do país sul-americano.

Entre as exigências apresentadas pela coligação de oposição, está a retificação e dissolução do acordo de Yacyretá, assinado pelo antigo presidente Horácio Cartes e pelo presidente argentino, Mauricio Macri, em julho deste ano. O tratado versa sobre a usina hidroelétrica binacional de Yacyretá e estipula dívidas cruzadas entre os dois países após um empréstimo do governo argentino.

“Demonstre se era real a intenção, apresentada durante sua campanha, de retificar o rumo político (...) de seu antecessor, (...) e desfazer o acordo firmado com o presidente argentino sobre Yacyretá”, indica o comunicado emitido pelo partido nesta quarta-feira (15).

A Frente Guasú também exige que o governo recém-empossado comece a trabalhar para resolver a crise econômica do Paraguai, devido às dívidas nacional e externa.

“O processo de endividamento é massivo (...), exigimos que as decisões de Benítez se distanciem das decisões do governo anterior”, diz o texto.

Contexto

O novo governo enfrentará grandes desafios diante do atual cenário do país, que tem um crescimento econômico abaixo de 4,5%, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), um sistema educacional precário e uma das taxas de desigualdade sociais mais altas da região, assim como diversos escândalos de corrupção política e jurídica.

Edição: teleSUR | Versão em português: Luiza Mançano