Contra Bolsonaro

Congresso da UNE define diretrizes e promete "tsunami da educação" ainda maior

Em quarto dia, Conune aprova propostas relativas à conjuntura política e participação na greve geral de 13 de agosto

Brasil de Fato | Brasília (DF) |
Plenária de sábado (13) deliberou sobre mobilização nacional e participação na greve geral prevista para 13 de agosto
Plenária de sábado (13) deliberou sobre mobilização nacional e participação na greve geral prevista para 13 de agosto - Foto: Karla Boughoff

O sábado (13) foi agitado para os cerca de 15 mil estudantes que compareceram ao 57º Congresso Nacional da União Nacional dos Estudantes (Conune), em Brasília. Os delegados aprovaram propostas de diretrizes para a entidade relativas à conjuntura política, ao movimento estudantil e à educação.

A primeira ação estudantil sob comando da UNE será a participação na greve geral prevista para o dia 13 de agosto. A agenda também conta com uma grande mobilização nacional, marcada para ocorrer no dia 30 do mesmo mês, que promete levantar um "tsunami da educação" ainda maior.

Neste domingo (14), último dia do congresso, os 8.013 delegados vão eleger a nova diretoria que assumirá o comando da União Nacional dos Estudantes (UNE) pelos próximos dois anos. Três representações estão na disputa e serão ouvidas pela plenária antes da votação.

Resistência

Iniciado no período da tarde do sábado, o processo de votação das diretrizes durou mais de seis horas e adentrou o início da noite. A presidenta da UNE, Marianna Dias, comemorou o resultado das deliberações. "Ficou evidente que não recuaremos das ruas, que as políticas do governo de [Jair] Bolsonaro, os cortes na educação e os projetos contra as universidades públicas são inaceitáveis para os estudantes", afirmou.

O entendimento da líder estudantil reflete o contexto em que as teses apresentadas foram construídas: todas com embasamento ideológico contrário ao governo de Jair Bolsonaro. Antes da votação, representantes dos coletivos proponentes tiveram tempo de cinco minutos para defesa das matérias, que, em seguida, foram submetidas à apreciação da plenária.

Pela manhã, concentrados na parte externa do Ginásio Nilson Nelson, os coletivos entoavam palavras de ordem e clamavam pela reconstrução da democracia no país. Levavam também as mensagens das chapas inscritas para concorrer à próxima diretoria da UNE.

Antes das deliberações, foram lidas e aprovadas a Carta de Brasília, onde os estudantes também se posicionaram contrários à conjuntura política e econômica do atual governo; e a Jornada de Lutas da Juventude para o próximo ano, que terá início em agosto.

O Conune

Durante cinco dias desde quarta-feira (10), o 57º Conune reúne cerca de 15 mil estudantes em Brasília para participarem de debates, grupos de trabalho, atos políticos e atividades culturais. No último dia de congresso, também é realizada a eleição de uma nova diretoria para a UNE, que representa mais de 7 milhões de estudantes. O mandato é de dois anos.

O Conune tem grande peso na caminhada dos estudantes brasileiros, tendo marcado a luta social em diferentes momentos da história nacional, como no caso da ditadura civil-militar (1964-1985), quando o movimento estudantil contribuiu para engrossar as fileiras dos que resistiam ao regime.

Edição: Aline Scátola