CRIME NA AMAZÔNIA

PF diz não haver mandante dos assassinatos de Bruno e Dom; indígenas protestam contra conclusão

Corporação diz que, apesar de não haver mandante, outras pessoas devem estar envolvidas no crime

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) divulgou nota criticando a conclusão da PF - Kenzo TRIBOUILLARD / AFP

A Polícia Federal (PF) informou nesta sexta-feira (17) que a apuração sobre os assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Philips não traz indícios de ter havido um mandante ou organização criminosa por trás das mortes, confirmadas na noite de quarta-feira (15).

Em nota divulgada à imprensa, a PF, que coordena o comitê de crise para investigação do caso, informou também que as diligências continuam e que, apesar de não haver mandante, outras pessoas devem estar envolvidas no crime e novas prisões podem ocorrer nos próximos dias.

"As investigações prosseguem e há indicativos da participação de mais pessoas na prática criminosa. As investigações também apontam que os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito", diz o comunicado. Clique aqui para fazer o download da íntegra.

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Entidade indígena protesta

Em resposta, a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) divulgou nota criticando a conclusão da PF de que não houve mandante ou envolvimento de organização criminosa no fato. A entidade afirmou que, nas próximas horas, deve divulgar um posicionamento detalhado sobre o anúncio da PF.

"A Univaja não concorda com o desfecho da Polícia Federal que afirma não haver mandante para o crime que culminou na morte de Dom e Bruno Pereira", disse a entidade, em um primeiro protesto à declaração feita pela corporação.

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Apuração mira mais suspeitos

Mais cedo, o superintendente da PF no Amazonas, Eduardo Fontes, afirmou à CNN Brasil que trabalha com a hipótese de cinco suspeitos investigados no desaparecimento do jornalista inglês Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira.

Até o momento, duas pessoas foram presas temporariamente por 30 dias, os irmãos Oseney da Costa de Oliveira e Amarildo Oliveira da Costa. À PF, Amarildo confessou ter participado do assassinato e apontou o local em que havia enterrado os corpos.

Diante da confissão, a PF foi até o local, onde foi realizada a reconstituição da cena do crime. Durante as escavações, as equipes encontraram remanescentes humanos em uma área de mata fechada.

O  avião da PF transportou os remanescentes humanos encontrados durante as buscas. O material está sendo levado para o Instituto Nacional de Criminalística, onde será periciado para confirmação da identidade. 

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As investigações continuam para apuração da suposta participação de mais pessoas no caso e para encontrar o barco utilizado por Bruno e Dom no dia do desaparecimento. 

O indigenista Bruno Araújo Pereira e o jornalista inglês Dom Phillips, correspondente do jornal The Guardian no Brasil estavam desaparecidos desde 5 de junho, na região do Vale do Javari, no oeste do Amazonas. 

De acordo com a coordenação da Univaja, Bruno Pereira e Dom Phillips chegaram na sexta-feira (3) no Lago do Jaburu, nas proximidades do rio Ituí, para que o jornalista visitasse o local e fizesse entrevistas com indígenas. 

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Ainda de acordo com a Univaja, no domingo (5), os dois deveriam retornar para a cidade de Atalaia do Norte, após parada na comunidade São Rafael, para que o indigenista fizesse uma reunião com uma pessoa da comunidade apelidado de Churrasco. No mesmo dia, uma equipe de busca da Univaja saiu de Atalaia do Norte em busca de Bruno e Dom, mas não os encontrou e eles foram dados como desaparecidos.


Com informações da Agência Brasil.

Edição: Nicolau Soares