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Tropicália completa cinquenta anos de resistência

A Tropicália foi um movimento de ruptura e resistência na cultura popular brasileira

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Capa do Cd 'Tropicalia ou Panis et Circencis'
Capa do Cd 'Tropicalia ou Panis et Circencis' - Divulgação
A Tropicália foi um movimento de ruptura e resistência na cultura popular brasileira

A Tropicália foi um movimento de ruptura e resistência na cultura popular brasileira, que tem como marco os festivais de MPB da Rede Record de 1967. O movimento, que completa 50 anos neste ano, inovou na estética e na música.

As guitarras elétricas davam o tom do que surgia de novo. Caetano Veloso e Gilberto Gil estavam entre aqueles jovens músicos que buscavam uma nova identidade musical mesclando rock, bossa-nova, samba e tantos outros ritmos que se somavam a letras que falavam sobre desigualdades sociais, sexualidade e também resgatavam obras literárias modernistas.

O professor de comunicação, Herom Vargas, da Universidade Metodista de São Paulo fala sobre as inovações artísticas do movimento. "A tropicália foi um movimento muito importante sobretudo pela ideia da antropofagia. Os músicos, compositores, artistas plásticos e cineastas incorporaram muito bem a ideia da mistura e principalmente da síntese. Não apenas misturar, mas criar algo novo, a partir das misturas entre coisas aparentemente diferentes, opostas.", ressalta.

Um marco na música popular brasileira foi o terceiro Festival MPB da Rede Record de Televisão, que teve Caetano Veloso cantando "Alegria, Alegria" e Gilberto Gil com "Domingo no Parque". O movimento era polêmico e adentrava às casas de brasileiros pela mídia.

A Tropicália esbarrou logo na ditadura militar, que depois do Ato Institucional número 5, em 1968, perseguiu os contrários ao regime e sobretudo os artistas, que utilizam a arte como forma de protesto, como lembra Herom Vargas. "Caetano Veloso fazendo um discurso no TUCA, no Festival Internacional da Canção, em 68, isso gerou muita discussão. A apresentação deles a música "É proibido proibir". Ele e os Mutantes no palco. Então o programa que eles tiveram na cultura chamado "Divino Maravilhoso", as composições de Caetano, Gil, Tom Zé, os Mutantes, tudo isso era muito comentado, porque movimentava a cena. Coisas que a gente não via na época."

Além de Caetano Veloso e Gilberto Gil, o movimento revelou artistas Tom Zé, o maestro Rogério Duprat, Nara Leão, os letristas José Carlos Capinan e Torquato Neto e até hoje segue inspirando gerações.

Edição: Camila Maciel