Violência

Indígenas são agredidos e torturados por Brigada Militar do Rio Grande do Sul

Povo Kaigang havia ocupado área do DNIT para reivindicar demarcação de terras, mas foram surpreendidos com bombas e bala

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Cimi assemelha as agressões com a paralisação dos processos de demarcação de terras no Brasil desde a posse do governo Temer
Cimi assemelha as agressões com a paralisação dos processos de demarcação de terras no Brasil desde a posse do governo Temer - Mario Vilela/FUNAI

Indígenas do povo Kaigang foram vítimas de uma ação violenta da Brigada Militar de Passo Fundo (RS), na última quinta-feira (15), após ocupar uma área do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), em Marau, para reivindicar a demarcação de suas terras. De acordo com Ivan César Cima, membro do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) da Regional Sul, foram cerca de 30 policiais da Brigada Militar e do Batalhão de Operações Especiais (BOE) que, ao chegarem, de imediato deram ordem para que os ocupantes saíssem da área.

"Crianças nos relataram que, no momento da chegada, não houve muito diálogo, era pra sair ou pra sair. Estamos novamente em um período do de exceção e essa ação da Brigada Militar reforça esse sentimento", acrescenta Ivan. Ainda segundo os depoimento dos indígenas ao Ministério Público Federal (MPF) de Passo Fundo, houve tentativa de diálogo com os policiais, que no entanto responderam com agressões, bombas de gás lacrimogênio e tiros de balas de borracha. 

"Essa reação desproporcional da Brigada Militar causa indignação e espanto. Algo desnecessário, não havia nenhuma ordem judicial que permitisse essa ação e não cabe à Brigada Militar realizar esse tipo de operação contra os indígenas, até por ser um território federal", afirma Ivan, em entrevista à Rádio Brasil Atual.

Relatos também denunciam que um ancião da aldeia desmaiou com os ferimentos. "Um senhor de 81 anos tomou num dos joelhos mais de 10 tiros de balas de borracha, no corpo também. Foi uma desproporção, algo inimaginável", lamenta.

Em nota, o Cimi assemelha as agressões com a paralisação dos processos de demarcação de terras no Brasil desde a posse do governo Temer. "É necessário e urgente pôr um fim à violência, que o Estado promova a responsabilização por estas práticas e implemente, em definitivo, os direitos constitucionais dos povos indígenas no Brasil", diz o texto.

Edição: Rede Brasil Atual