Rio de Janeiro

AGRESSÃO

Vereadora do PSOL sofre abordagem policial truculenta em Niterói

Um vídeo mostra o momento em que o PM segura uma arma no meio dos passageiros e diz que irá usá-la se for preciso

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |
O caso foi registrado na 4° Delegacia de Polícia no centro do Rio.
O caso foi registrado na 4° Delegacia de Polícia no centro do Rio. - foto: reprodução

A vereadora Talíria Petrone do PSOL foi vítima de uma abordagem policial truculenta na barca que fazia o trajeto de Niterói ao Rio de Janeiro na manhã desta quinta-feira (16). O incidente ocorreu quando a parlamentar estava a caminho da Praça XV para realizar a sua campanha eleitoral como candidata à deputada federal.

Talíria estava com a sua equipe de campanha quando foi abordada de forma agressiva por um PM sem identificação que estava fazendo a segurança do transporte. O policial alegou que a candidata à deputada federal não poderia fazer panfletagem na embarcação. De acordo com Talíria, o tumulto começou quando a parlamentar fez uma selfie junto com a sua equipe e o material de campanha. 

“Seguramos o panfleto perto do nosso corpo para tirar uma selfie. Em nenhum momento fizemos panfletagem, ou qualquer ação que pudesse levar a essa interpretação. O policial veio de forma truculenta, tentou derrubar o meu celular, pegou os panfletos que caíram no chão. Ele começou a gritar e a partir daí ocorreu uma confusão generalizada”, destaca.

Segundo Talíria, passageiros indignados começaram a intervir na situação. Um jornalista do Jornal do Brasil e um advogado estavam entre os passageiros que contestaram o PM e tiveram as identidades profissionais apreendidas, assim como a própria vereadora que só resgatou o seu documento parlamentar após prestar depoimento, sete horas depois.

Um vídeo divulgado pelo Jornal do Brasil mostra o momento em que o PM segura uma arma no meio dos passageiros e diz que irá usá-la se preciso for. Nas imagens é possível ouvir a vereadora pedir calma e falar que “arma mata”, neste momento o policial responde que “ideologia mata mais”. A vereadora disse ao Brasil de Fato que a arma foi usada após o PM dar voz de prisão a um jovem negro que estava em sua defesa.

“Ele deu voz de prisão e foi para cima segurar o rapaz, nós contestamos e então ele jogou o rapaz de forma muito brutal nas cadeiras da barca. Nesse momento ele saca a arma e tudo fica muito mais tenso”, conta.

O caso foi registrado na 4° Delegacia de Polícia no centro do Rio. Talíria relatou que na delegacia o policial seguiu com intimidações a chamando de “defensora de bandido”. A candidata disse que solicitou as imagens das câmeras de segurança da CCR Barcas e acha que o PM deve ser responsabilizado pela violência que cometeu.

O policial envolvido na confusão faz parte do Programa Estadual de Integração na Segurança (PROEIS). O programa permite que PMs lotados em qualquer batalhão do estado façam hora extra em setores conveniados com a iniciativa. A prefeitura de Niterói mantém um convênio com o governo do estado para garantir mais policiais nas ruas da cidade. 

Outro Lado

O Brasil de Fato procurou a assessoria de imprensa da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro para um posicionamento. O órgão informou que recebeu a notificação de "princípio de tumulto em abordagem policial nas barcas". A assessoria destacou ainda que vai aguardar a conclusão do inquérito policial para emitir uma nota.

A CCR Barcas alegou que não possui câmeras de segurança dentro das embarcações, apenas na área de embarque. A assessoria informou que a notícia que chegou à empresa foi a de que a vereadora queria panfletar dentro da barca.

Edição: Eduardo Miranda