Paraná

CONTRA O AUTORITARISMO

Pluralidade marcou o Ato #Elenão em Curitiba, com 15 mil pessoas

Mobilização aconteceu também em outras cidades do Paraná

Brasil de Fato I Curitiba (PR) |
Concentração inicial do ato lotou a praça Santos Andrade
Concentração inicial do ato lotou a praça Santos Andrade - Leticia Vieira

No Brasil inteiro aconteceram atos contra o autoritarismo representado pelo candidato Jair Bolsonaro (PSL). No Paraná, mobilizações em Curitiba, Ponta Grossa, Cascavel e Londrina pediam #Elenão e defendiam a garantia da democracia. Na cidade de Curitiba, mais de 15 mil pessoas participaram da caminhada, no centro da cidade, que contou com a participação de diferentes movimentos populares, jovens e organizações independentes.

Vanda Santana, integrante do grupo “Mulheres por Haddad e pela Democracia”, uma das organizadoras do ato, disse que, mais uma vez, estar na rua é a prova de que milhares de pessoas não querem o retrocesso. “O encontro hoje dessa diversidade de manifestações e de movimentos nos dá ânimo para essa semana que será da virada”, disse. Estiveram presentes vários grupos, entre os quais o Mães pela Diversidade, Movimento Negro, LGBTI, juventudes, artistas, profissionais de diferentes segmentos e muitas famílias.

Vanda conta que hoje aconteceram muitos depoimentos de pessoas que viveram na ditadura e foram torturadas, prática defendida por Bolsonaro. Para ela, “o que está em jogo não é a vitória de um partido e sim da democracia”, explica.

Um dos depoimentos marcantes durante a concentração na Praça Santos Andrade foi da ex-deputada federal pelo PT, Clair da Flora Martins, que foi torturada na Ditadura Militar. “Vim para Curitiba na década de 60, participei de movimentos estudantis contra a Ditadura e pelas liberdades democráticas. Em decorrência disso, fui presa e torturada no Dops, em São Paulo. Sofri pancada, choque elétrico e pau de arara. Por isso, me junto novamente aqui porque este candidato, o Bolsonaro, defende a ditadura e não queremos a volta dessa parte triste da nossa História”, argumenta.

Religiosos contra o fascismo e em defesa do amor

Muitas religiões estiveram representadas no Ato #Elenão em Curitiba, reafirmando que os ideais cristãos são contrários às ideias que Bolsonaro representa. Tayane Itanelo, uma das organizadoras da mobilização “Mulheres contra Bolsonaro”, realizada ainda no primeiro turno das eleições, é evangélica e veio a manifestação com um cartaz escrito “Se viesse hoje Jesus seria torturado e morto”. Para ela, “os valores defendidos por Jesus estão sendo deturpados. Ele tem sido usado em palanques que nada tem a ver com Jesus. O candidato Bolsonaro defende a tortura que nada tem a ver com Jesus”, afirma.

Jaime Correa Pereira, da Frente Evangélica pelo estado de Direito, também esteve presente na caminhada pelo centro de Curitiba e defendeu o voto em Haddad. “ Bolsonaro defende a morte, sua frase “bandido bom é bandido morto” é contrário aos ideais cristãos. Por isso, evangélicos que tem consciência dessa contradição estão com Haddad. ” E conclui dizendo que “os pastores que vem defendendo Bolsonaro serão cobrados ali na frente. ”

O professor e teólogo Guilherme Tuller Nunes, disse que a luta antifascista é importante na disputa dentro do próprio cristianismo. “Nossa luta é contra a hegemonização do pensamento fascista dentro do Cristianismo. Pois é preciso andar como Jesus andou, amar como ele amou. E o que a campanha de Bolsonaro apresenta, com violência, se contrapõe a Jesus”, diz. Guilherme faz parte da “Movimento Cristãos Antifascistas”, uma comunidade formada pela internet, organizada em redes.

Contra a perda de direitos

Com um grupo de amigos, a médica sanitarista June Rezende, participou da mobilização por estar preocupada com a perda de direitos anunciada por Bolsonaro. “É preciso estar aqui para que possamos continuar tendo liberdade de expressão e para que tenhamos recursos para as políticas públicas de saúde, por exemplo. O que pode vir pela frente é a precarização da saúde pública”, aponta.

Já a professora da rede municipal de ensino, Letânia Koletsa, disse ter vindo para o ato preocupada com as propostas de educação que representam retrocesso. “Sou mulher, educadora e estou aqui para defender as crianças e o ensino presencial”, afirmou.

Camila Oliveira, estudante cotista de Medicina na UFPR, veio a manifestação por não admitir um candidato machista, homofóbico e violento. “A candidatura dele, para nós, negros e cotistas de renda também, representa a diminuição da nossa representação dentro da Universidade Pública. ”

Junto com os pais e mais o irmão, o Gustavo, de nove anos, pediu para dar seu depoimento ao Brasil de Fato, dizendo que “Bolsonaro quer liberar as armas e isso é muito perigoso”, disse.

Agitação cultural

Ao longo de toda a manifestação vários grupos culturais fizeram intervenções e agitaram o centro de Curitiba. Grupos como a “Brigada de Agitação e Propaganda Carlos Marighela”, do MST, o Bloco AfroPretinhosidade, Maracatu Aroeira, a Bloca Ela pode ela vai, entre outros.

Edição: Pedro Carrano