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BH ganha um espaço para ver, fazer e pensar filmes

Espaço Cultural Filme de Rua exibe filmes de pessoas em situação de rua e valoriza produção do cinema independente

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |

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Produções são feitas de forma colaborativa, desde o roteiro e a construção das personagens até a fotografia
Produções são feitas de forma colaborativa, desde o roteiro e a construção das personagens até a fotografia - Foto: Bruno Figueiredo

O Centro de Belo Horizonte ganhou, na última terça (12), um ponto dedicado ao cinema independente. O Espaço Cultural Filme de Rua – idealizado por profissionais e militantes do audiovisual, das artes plásticas, da psicanálise, da comunicação e da história – surgiu do projeto de mesmo nome, Filme de Rua, que, em 2015, juntou adolescentes em situação de rua para fazerem seu próprio filme. O curta produzido foi vencedor do 19º Festival Internacional de Curtas-Metragens de Belo Horizonte e foi selecionado para grandes festivais nacionais. 
A experiência do primeiro curta levou o coletivo, atualmente formado por 6coordenadores e 15 jovens que moraram ou moram na rua, à vontade de inaugurar um cinema onde os filmes produzidos pudessem ser exibidos. O Espaço, portanto, tem o objetivo de ter uma programação periódica que contemple produções audiovisuais que não têm oportunidade de serem exibidas no circuito tradicional. 
Segundo Joanna Ladeira, umas das coordenadoras do Espaço Cultural e do Coletivo Filme de Rua, a aposta é que os momentos construídos contribuam para a formação sociocultural do público. “Normalmente existem muitas questões com relação àqueles que estão na rua. E [a população] acaba não conhecendo essas pessoas, não percebendo a riqueza no olhar que elas têm sobre a cidade, sobre as mazelas, as dificuldades e desigualdades sociais”, reflete. 
Transformação
As produções do coletivo Filme de Rua são feitas de forma colaborativa, desde o roteiro e a construção das personagens até a fotografia. Para Joanna, o cinema tem efeitos impressionantes na vida das pessoas em situação de rua, que passam a ser consideradas realizadoras, produtoras e agentes culturais.
“Começa a se desenhar uma perspectiva futura, para aqueles que se interessaram pela câmera ou se encontraram no áudio ou aquelas que sonham em ser atrizes. De repente, esse sonho ganha outra dimensão, se aproxima mais da realidade, uma vez que nosso cinema é de luta, de resistência”, afirma.
Na sexta, sábado e domingo (15, 16 e 17), o espaço vai contar com exibição gratuita de filmes. Confira a programação.

Edição: Joana Tavares