FUTEBOL

A bola vai rolar no campo da reforma agrária

A 10ª edição do Campeonato Estadual da Reforma Agrária reúne mais de 35 equipes de assentados em São Miguel das Missões

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Última edição do torneio em Hulha Negra já contou com as categorias feminino livre, masculino livre, veteranos e sub-15.
Última edição do torneio em Hulha Negra já contou com as categorias feminino livre, masculino livre, veteranos e sub-15. - Fotos: Letícia Stasiak

O dia a dia nos assentamentos da Reforma Agrária é feito de trabalho, produção agroecológica e também de futebol. O esporte mais amado pelos brasileiros e brasileiras tem potência de luta e faz parte da vida do MST no Rio Grande do Sul, que anualmente realiza o Campeonato Estadual da Reforma Agrária. Em sua 10ª edição, neste ano o evento será promovido no Assentamento da Barra, em São Miguel das Missões, nos dias 27 e 28 de abril. 

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Cerca de 500 atletas assentados e acampados de todas as regiões do estado participam do torneio de futebol sete nas categorias feminino livre, masculino livre, veteranos e sub-15. Já são mais de 35 equipes confirmadas para esta que é a fase final da competição. Desde agosto de 2018, as regionais vêm realizando suas fases preliminares para enviar um time por categoria para disputar os troféus.

“É um momento de integração de companheiras e companheiros que têm o mesmo objetivo, a luta pela Reforma Agrária e por uma alimentação saudável, com a finalidade de ser espaço de produção e também de lazer e bem-estar”, afirma a assentada Cassiane Borges Mayca, que é da comissão organizadora do Assentamento da Barra. “Aqui estamos na expectativa. Além dos jogos, vamos ter exposição e comercialização da produção do assentamento, como artesanato, panificação, doces, tudo feito agroecologicamente”, conclui.

Levado a sério

Cerca de 500 atletas assentados e acampados de todas as regiões do estado participam do torneio 

O encontro esportivo promove cultura, celebração e resistência, e é levado a sério pelos atletas. Daniel Piovesan, da comissão organizadora da Coceargs, conta: “Muito esperado, o dia de campeonato tem mística, ato político, festa e muito futebol. Oportunidade para as famílias conhecerem a realidade das demais regiões, reencontrarem amigos que se forjaram na luta e não puderam mais se ver e celebrarem conquistas”.

A disputa passa primeiro pela fase de chaves, na qual as equipes jogam entre si. Depois vem o mata-mata até a grande final em cada uma das modalidades. “O sorteio das chaves vai ser no dia 25 de abril, tudo direitinho. Para se ter uma ideia, contratamos árbitros com registro para apitar os jogos”, explica Piovesan.

O campeão, segundo e terceiro colocado, em cada uma das quatro categorias, levam medalhas e troféus para seus assentamentos. Também são premiadas as equipes de melhor disciplina, defesa menos vazada e os goleadores.

Uma grande festa

Para receber tanta gente, uma grande estrutura está sendo montada no Assentamento da Barra, com cozinhas coletivas, área para barracas, banheiros, áreas de lazer, ciranda para as crianças, bocha e feira da produção. Estão previstos mística e ato político com a presença de membros do assentamento anfitrião, autoridades da região e direção do movimento. 

Na noite de sábado, tem o tradicional baile da Reforma Agrária. No domingo tem churrasco coletivo, os jogos finais e a premiação. “São mais de 70 pessoas envolvidas na organização do campeonato para fazer uma festa bonita! O assentamento tem uma forte relação com a sociedade, já temos a presença confirmada de autoridades e pessoas do município”, informa Mayca. 

Torneio itinerante 

O primeiro campeonato aconteceu em 1996 no município de Júlio de Castilhos, somente na categoria masculino. Anos depois, em 2009, foi retomado já com as categorias masculino, feminino e veterano em Tupanciretã e, em 2010, Piratini, ganhando periodicidade.

Em 2012, seguiu anualmente por Charqueadas, Candiota, Santana do Livramento, Joia, Viamão. Na última edição, em Hulha Negra, foi incorporado o sub-15 e, hoje, “o campeonato é sucesso principalmente entre a gurizada, que não precisa mais esperar ter idade para participar. É a juventude, inclusive, que mais se envolve na organização”, declara Piovesan.


Este conteúdo foi originalmente publicado na versão impressa (Edição 13) do Brasil de Fato RS. Confira a edição completa.  

Edição: Ayrton Centeno