PREVIDÊNCIA

Artigo | Querem roubar nosso futuro

Cruel com os mais pobres: "Reforma da Previdência do governo Bolsonaro não enfrenta privilégios"

Brasil de Fato | Porto Alegre (RS) |
Para autor, reforma "é uma grande farsa" e vai gerar "uma legião de idosos miseráveis"
Para autor, reforma "é uma grande farsa" e vai gerar "uma legião de idosos miseráveis" - Foto: Fetec-PR/CUT

Ao contrário do que dizem, a Reforma da Previdência do governo Bolsonaro não enfrenta privilégios. Ela é cruel com os mais pobres e vai gerar, no futuro, uma legião de idosos miseráveis. Isso é bom para o Brasil? Claro que não! É injusto com aqueles que trabalharam a vida toda e têm o direito de gozar da velhice com alguma tranquilidade.

A Reforma faz parte de um conjunto de medidas que estão jogando o Brasil num cenário de desolação econômica e social. Primeiro foi a Emenda Constitucional 95, de Temer, que congelou por 20 anos os recursos da saúde, educação e segurança. Diziam que ia trazer equilíbrio para as contas e retomar o crescimento. O equilíbrio não veio.

Depois a Reforma Trabalhista, que mexeu com mais de 100 direitos, enfraqueceu os sindicatos e restringiu o acesso dos trabalhadores à Justiça do Trabalho. Diziam que iria gerar milhões de empregos. Eles não vieram.

Agora, dizem que não há saída sem mexer com o sistema previdenciário. Ao fixar idade mínima de 65 anos para homens e 62 para mulheres, junto da exigência de 40 anos de contribuição para o benefício integral, citando apenas um exemplo, a Reforma inviabiliza o direito à aposentadoria da grande maioria dos brasileiros, ou seja, acaba com a previdência e com o direito à aposentadoria.

Essa Reforma é uma grande farsa. Estudo realizado pela Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (ANFIP) e a CPI feita pelo Senado provaram que não há déficit. O que há são desvios nas verbas da Previdência que o próprio governo faz e que representam mais de R$ 95 milhões por ano. Soma-se a isso débitos que ultrapassam R$ 1 trilhão, segundo a Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGNF).

Não é possível fazer uma reforma com tamanho impacto sem que a sociedade tenha acesso aos números reais que hoje o governo faz de tudo para esconder. Queremos a instalação de uma mesa de negociação representativa, com trabalhadores, empresários, governo e aposentados. Com democracia, transparência e diálogo podemos construir uma saída que atenda aos interesses do povo brasileiro, e não apenas dos banqueiros e especuladores financeiros, que hoje são defendidos com unhas e dentes pelo ministro Paulo Guedes. 

Não podemos aceitar que nosso futuro seja roubado.

* Guiomar Vidor é presidente FECOSUL e CTB/RS

Edição: Marcelo Ferreira