CRISE

Menores migrantes detidos nos EUA relatam más condições, abusos e surtos de doenças

Jornais divulgam relatos de crianças e adolescentes detidos nas fronteiras pela política anti-imigratória de Trump

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Só no centro de detenção em Clint, no Texas, 350 crianças e adolescentes estão alojadas em condições precárias
Só no centro de detenção em Clint, no Texas, 350 crianças e adolescentes estão alojadas em condições precárias - Loren Elliott / AFP

Uma matéria da rede de TV estadunidense NBC divulgada na última terça-feira (09) revela novas denúncias de maltrato e violência sexual contra crianças e adolescentes migrantes em um centro de detenção na cidade de Yuma, no extremo sudeste do estado de Arizona, nos Estados Unidos. Segundo a reportagem, os menores de idade afirmam que estão passando fome, dormindo no chão e sem acesso à instalações sanitárias básicas. As declarações foram recolhidas por funcionários do Departamento de Saúde e Serviços Humanos do país.

Uma adolescente hondurenha, de 15 anos, declarou que um dos agentes a tocou por debaixo da roupa durante uma suposta revista policial de rotina diante de outros oficiais e migrantes.  

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nega que haja abusos contra migrantes detidos apesar das numerosas denúncias registradas por peritos e especialistas. Segundo o portal Democracy Now!, deputados do Partido Democrata convocaram Kevin McAleenan, secretário do Departamento de Segurança Nacional (DHS na sigla em inglês) para prestar declarações sobre as condições dos migrantes encarcerados.

Reportagens do The New York Times e do El Paso Times também expõem más condições sanitárias na estação da Patrulha Fronteiriça em Clint, no Texas, onde centenas de menores migrantes se encontram detidos sem acesso adequado à alimentação, água, instalações sanitárias, camas ou atendimento médico.

Agentes da fronteira denunciam a propagação de “surtos de sarna, herpes e catapora” entre os menores. Um dos funcionários deste centro de detenção declarou ter recebido uma ordem para tirar as camas do local para liberar mais espaço nas celas, que estão superlotadas.

Warren Binford, professora de direito da Universidade de Willamette, integra a equipe jurídica que tem denunciado as condições dos menores em Clint. Binford relatou as condições das crianças e adolescentes migrantes em uma entrevista, na qual afirmou que os guardas entregaram as crianças menores aos adolescentes para que cuidem uns dos outros.

“Descobrimos que praticamente ninguém está cuidando destas crianças diretamente, que ficam encerrados nestas celas 24 horas por dia. Em muitas dessas celas só tem banheiros abertos. Não tem sabonete, eles não tem como lavar as mãos. Estão sendo alimentados dentro das celas com comidas processadas e instantâneas. E muitos deles estão dormindo no chão pela falta de camas e colchonetes e espaço para dormir”, declarou a advogada.

Nos primeiros meses, mais de 230.000 crianças migrantes chegaram ao país acompanhadas de seus pais ou responsáveis, segundo Carla Provost, chefe da Patrulha Fronteiriça dos EUA, em entrevista à BBC.

Edição: Luiza Mançano