Rio de Janeiro

CHUVAS

Moradores do Morro da Babilônia denunciam risco de desabamento de casas no Rio

Representante da associação de moradores denuncia que prefeitura não fez as contenções prometidas após chuvas de abril

Brasil de Fato | Rio de Janeiro (RJ) |

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Área do morro conhecida como "Poço" tem barracos construídos com madeira, pau a pique e estuque que correm risco de desabamento
Área do morro conhecida como "Poço" tem barracos construídos com madeira, pau a pique e estuque que correm risco de desabamento - Associação de Moradores da Babilônia

Na mesma semana em que a população carioca viu circular nas redes imagens da pobreza na Cidade de Deus, com barracos construídos com madeira, zinco e papelão, sendo derrubados pela polícia, moradores do Morro da Babilônia, na zona sul do Rio, também denunciam os riscos das moradias precárias e a falta de assistência do poder público. Segundo a Associação de Moradores da Babilônia, há um grande temor de que as moradias sejam arrastadas por novas chuvas que estão ocorrendo com as frentes frias nos últimos dias.

Em abril, diversos moradores do Morro da Babilônia região tiveram que deixar suas casas por conta das tempestades na cidade. Secretário da associação, Adriano Paraíso afirma que na época das chuvas de verão a Prefeitura do Rio esteve no local e prometeu que faria obras de contenção.

“Pessoas perderam suas casas, mas a prefeitura não se mobilizou de forma esperada. Vieram engenheiros, analisaram a situação, mas não foi tomada nenhuma providência. Muitos dos moradores assistidos na época estavam na APA (Área de Proteção Ambiental) e nem todos foram atingidos pela chuva”, conta Adriano.

O representante dos moradores acrescenta, ainda, que na época a prefeitura liberou o saque do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para que alguns moradores pudessem reconstruir as casas destruídas. Mas medida não foi ampla e, segundo Adriano, de 20 moradores com moradias em situação precária apenas dois deles puderam ter acesso ao fundo para recuperar suas casas.

“A Babilônia está abandonada pelo poder público. Só a Comlurb [Companhia Municipal de Limpeza Urbana] vem aqui, mas ela não pode fazer tudo. Temos, por exemplo, uma listagem com 50 árvores que deveriam ser cortadas porque estão sob risco de queda sobre algumas casas, segundo laudo da própria Defesa Civil, mas nada foi feito”, completa Adriano.

Além do problema com as moradias, o secretário da Associação de Moradores da Babilônia afirma que algumas áreas do morro não têm tratamento básico de esgoto. Para Adriano, é inaceitável que em pleno século XXI pessoas continuem morando em barracos, como os da Babilônia e os que foram vistos na Cidade de Deus, na zona oeste da capital.

“Na área do ‘Poço’, aqui na Babilônia, temos barracos em plena zona sul carioca, cartão postal para turista. Barracos de madeira, de pau a pique, de estuque. E essa área não tem saneamento básico. Se vier uma chuva, como veio no dia 9 de abril, há um risco de mortes grande, porque os barracos estão próximos de um barranco. Moradia popular, políticas públicas, nada disso temos”, relata Adriano.

O Brasil de Fato entrou em contato com a Prefeitura do Rio para obter uma resposta para os problemas apresentados pela Associação de Moradores da Babilônia. Até o fechamento desta reportagem, a prefeitura não havia ainda enviado um parecer sobre a situação. 

Edição: Mariana Pitasse