DIPLOMACIA

Cuba condena expulsão de dois membros de sua missão diplomática na ONU

Medida foi tomada pelo governo dos Estados Unidos dias antes de Assembleia Geral da entidade ter início

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Segundo ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, expulsões “merecem absoluto rechaço"
Segundo ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, expulsões “merecem absoluto rechaço" - Foto: Yamil Lage/AFP

O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Bruno Rodríguez, condenou o governo do Estados Unidos por ter expulsado do país dois membros da missão permanente cubana na Organização das Nações Unidas (ONU), cuja Assembleia Geral acontece na próxima semana, em Nova York. 

As expulsões “merecem absoluto rechaço de nosso povo, do Ministério das Relações Exteriores e do governo [cubano]. Tratam-se de ações injustificáveis e ilegítimas feitas para caluniar nossos diplomatas e a missão de Cuba na ONU”, afirmou o chanceler durante entrevista coletiva nesta sexta-feira (20).

A porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Morgan Ortagus, acusou os diplomadas expulsos de estarem conduzindo "operações de influência contra os Estados Unidos”, o que representaria um abuso de seus “privilégios de residência”. 

“Levamos a sério toda e qualquer investida contra a segurança nacional dos EUA [...] Continuaremos a investigar outros que estejam manipulando seus privilégios de residência”, disse a porta-voz em sua conta no Twitter. 

O Departamento de Estado não mencionou o nome dos diplomatas expulsos nem as funções que eles exerciam. Também não foi especificado quais seriam as atividades contra a segurança nacional que eles estariam promovendo. 

O chanceler cubano rechaçou o fato do anúncio ter sido feito por uma rede social antes de formalmente comunicado a Cuba.

“As medidas foram anunciadas publicamente por meio de um tweet do Departamento do Estado, antes de ter sido informado de forma oficial à nossa missão em Nova York. Essas ações têm como objetivo escalar as tensões bilaterais, provocar o fechamento das embaixadas e a ruptura das relações diplomáticas”, disse. 

Bloqueio a Cuba e Lei Helms-Burton

Durante a entrevista coletiva, o chanceler cubano aproveitou para condenar a intensificação do bloqueio à ilha na gestão Donald Trump. Entre as medidas mais duras adotadas pelos governo norte-americano está a ativação do Título III da Lei Helms-Burton.

A cláusula permite que cidadãos norte-americanos abram processos judiciais contra empresas instaladas em propriedades expropriadas pelo governo cubano após a revolução de 1959. 

“É possível contabilizar ou medir os danos econômicos, mas não é possível fazer o mesmo com o impacto humanitário. Os dados demonstram que o bloqueio continua sendo a principal causa das dificuldades de nossa economia, das carências e privações que sofrem nosso povo e o principal obstáculo ao nosso desenvolvimento”, disse. 

Ainda para ele, aqueles que “atribuem os problemas da economia cubana à incompetência de nosso governo ou a ineficácia do socialismo, adotam uma posição de ingenuidade, ignorância ou de cumplicidade com o governo dos EUA em sua política genocida, obsoleta, ilegal e cruel”. 

Cálculos feitos pela agência Reuters indicam que a ativação do Título III poderá desencadear cerca de 200 mil processos, o que trará impactos negativos tanto ao país caribenho quanto a empresas estrangeiras que atuam em Cuba.

Edição: João Paulo Soares