Paraná

Novembro negro

Juventude negra do Paraná luta por empoderamento através de projetos sociais

Da arte à luta politica, militantes dedicam-se a mostrar novas possibilidades de existência

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |

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No mês da Consciência Negra, o Brasil de Fato Paraná traz algumas histórias que têm à frente jovens inspiradores
No mês da Consciência Negra, o Brasil de Fato Paraná traz algumas histórias que têm à frente jovens inspiradores - Giorgia Prates

Capoeira, cinema, dança e a luta por direitos fazem parte da vida de jovens negros e negras que dedicam parte das suas vidas para avançar na luta contra o racismo, contra a violência que faz da juventude negra o maior alvo e, principalmente, em levar outros jovens a acreditar nos seus potenciais e serem protagonistas das suas vidas.

No mês da Consciência Negra, o Brasil de Fato Paraná traz algumas destas histórias que têm à frente jovens inspiradores.

Diorlei dos Santos: Arte muda o olhar para o futuro

Da ideia de um grupo de percussão para meninas da Vila Torres, surgiu a banda Princesas do Ritmo, que hoje realiza ensaios semanais e faz apresentações. Diorlei dos Santos, idealizador do grupo, diz que sempre se questionou sobre como amenizar as situações de criminalidade, tráfico de drogas e prostituição que, assim como em outras favelas do país, são uma realidade na Vila das Torres, uma das primeiras favelas de Curitiba. A aposta de Diorlei foi na arte e no lúdico. “A música que faz parte deste projeto tem o poder de, com uma forma sensível, refletir sobre o cotidiano, o que traz empoderamento e muda o olhar para o futuro. Eu sou a prova disso. Se hoje estou aqui, devo muito à força ancestral dos tambores”, conclui Diorlei.

Isabela da Cruz: Relembrar a história do povo negro às novas gerações

Foto: Thaís Eigenmann

Meu processo de empoderamento foi construído a partir da luta da juventude negra. À medida que eu me fortaleço, outros jovens se fortalecem também. Minha tarefa junto à juventude quilombola é trazer a reflexão sobre histórias escondidas a respeito da resistência do povo negro, sobre a existência de Zumbis e Dandaras dentro das comunidades quilombolas lutando pela liberdade e autonomia,” diz Isabela da Cruz, jovem ativista da Comunidade Quilombola Invernada Paiol de Telha. Desde 2012, ela realiza atividades para o fortalecimento e empoderamento dos jovens quilombolas. Recentemente, foi selecionada como uma das dez jovens transformadoras pela Democracia no Brasil, pela Ashoka Brasil, uma ONG Internacional.

Valdecir Ribeiro da Silva: Esporte como empoderamento dos jovens em situação de risco

Há dez anos, Valdecir trabalha com um projeto de capoeira para crianças e adolescentes em situação de risco das comunidades do Portão, Capão Raso e Novo Mundo. Integrado às escolas em que os jovens estudam, o projeto tem como objetivo proporcionar acolhimento e autoestima para quem muitas vezes não tem apoio familiar. “Com a capoeira, resgatamos valores como respeito, disciplina, e conseguimos, nestes anos todos, formar identidades com mais amor próprio. Aqui, para muitos, é como se fosse uma segunda família”, conta o professor, que diz ter certeza de que o esporte é fundamental para o empoderamento juvenil.

Kariny Martins: Outros olhares sobre o cinema negro

Foi no ambiente universitário que surgiu a Mostra do Cinema Negro, em 2018, realizada na Cinemateca, organizada pela então estudante de cinema da Faculdade de Artes do Paraná (FAP), Karinny Martins e mais dois amigos, Bea Gerolin e Andrei Bueno. Kariny, na época, pesquisava - em iniciação científica - diretores e diretoras negros de cinema. A partir disso, surgiu a vontade de exibir os trabalhos encontrados por ela e outros estudantes pesquisadores, o que os levou a fazer a primeira edição da Mostra. “Durante muito tempo, a presença negra no cinema foi sempre muito estereotipada. A mostra veio para exibir estes outros olhares que fomos encontrando nas pesquisas,” conta Karinny. Atualmente, os jovens organizam um projeto de circulação de filmes nos bairros periféricos e majoritariamente negros de Curitiba.

Edição: Lia Bianchini