América Latina

Editorial Ceará | O que a resistência Venezuelana tem para nos ensinar?

No Brasil e na América Latina, estamos vendo sucessivos golpes

Brasil de Fato | Fortaleza (CE) |
Na Venezuela, existe um povo heroico, que mesmo diante das adversidades tem conseguido resistir, há 20 anos.
Na Venezuela, existe um povo heroico, que mesmo diante das adversidades tem conseguido resistir, há 20 anos. - Foto: Telesur

Em 1999, Hugo Chávez ganha a presidência da Venezuela pela primeira vez, mesmo em um contexto de avanço do neoliberalismo na América Latina, de retirada de direitos, o povo bolivariano escolhe um novo comando para seu país, um presidente que se dizia povo. Inaugura-se nesse ano um projeto de novo tipo no país. Seu primeiro ato é chamar uma Assembleia Geral Constituinte, com o objetivo de refundar a natureza do Estado.

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Bem, essa Constituição que garantia uma participação popular no aparelho estatal como um todo e na vida política da Venezuela, foi referendada por grande maioria do povo em uma consulta popular.

Contudo, o poder político nas mãos do povo, não se faz somente com uma bonita Constituição. O Estado necessitava chegar em cada casa do país, são criadas as “missões”, programas do governo para resolver problemas estruturais do país, desde a erradicação do analfabetismo, desemprego, saúde, moradia entre outras. Essas missões além de ajudar a resolver problemas crônicos de 500 anos de desigualdade social, foram também uma grande ferramenta de trabalho de base e conscientização do povo. Na medida em que uma pessoa aprendia a ler e escrever, ela começava a ensinar os outros, por exemplo.

Outro elemento chave do processo de resistência às diversas tentativas de intervenção na Venezuela, que passa desde sanções econômicas, midiáticas, políticas e militares, com o objetivo de alinhar a Venezuela aos interesses dos EUA e sacar sua grande reserva de petróleo, é a união cívico e militar. Chávez quando mudou a natureza do Estado também mudou a natureza das forças armadas, em que se consagra uma ideologia de uma instituição profundamente nacionalista, anti-imperialista e seu papel, acima de tudo, era defender o povo Venezuelano.

Seriam esses os dois grandes elementos que a Venezuela teria a nos ensinar? Um Estado que sirva para o povo, em que a resolução da vida concreta da população seja atrelada com um processo de formação de consciência e trabalho de base, além, claro, da união cívico e militar? Bem, o fato é que no Brasil e na América Latina, estamos vendo sucessivos golpes ocorrendo, e na Venezuela, existe um povo heroico, que mesmo diante das adversidades tem conseguido resistir, há 20 anos, bravamente a uma guerra avassaladora.

Edição: Monyse Ravena