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Que tal criar um código de conduta no futebol brasileiro?

A própria mídia fez força para abafar as acusações de violência doméstica

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Jean foi preso nos Estados Unidos por ter agredido sua esposa Milena Benfica
Jean foi preso nos Estados Unidos por ter agredido sua esposa Milena Benfica - Rubens Chiri / saopaulofc.net
A própria mídia fez força para abafar as acusações de violência doméstica

Casos de violência doméstica e sexual eram tão comuns na Liga Nacional de Futebol Americano (NFL) que a entidade criou um código de conduta pessoal em 2017. A pena varia de seis jogos de suspensão até o banimento por toda a carreira da modalidade em casos desse tipo. 

A medida gerou controvérsia pelo fato de a NFL realizar investigações por conta própria e determinar as punições sem um consenso com a polícia norte-americana. Mesmo assim, já é possível notar uma mudança de comportamento nos jogadores e nas franquias (os “times” que disputam a competição), que se recusam a contratar atletas envolvidos em casos de violência doméstica e abuso sexual.

A iniciativa da NFL ainda precisa de ajustes, é verdade. No entanto, quando comparamos o que acontece nos EUA com o que acontece aqui no Brasil, não é difícil concluir que a turma de lá está muito na nossa frente quando o assunto é violência doméstica.

O ocorrido com o goleiro Jean entra nesse assunto. No final do ano passado, quando ainda era jogador do São Paulo, ele foi preso nos Estados Unidos depois que sua esposa Milena Benfica o denunciou por agressão através de vídeos publicados na internet. O Tricolor Paulista emitiu nota oficial depois do ocorrido repudiando o episódio e suspendeu o contrato do goleiro.

O grande X da questão é que Jean foi anunciado como o novo reforço do Atlético Goianiense no dia 13 de janeiro deste ano. Na prática, é como se ele tivesse recebido um “prêmio” por ter agredido a esposa. Ao mesmo tempo, vale lembrar (mais uma vez) do caso envolvendo o também goleiro Bruno Souza, condenado pelo assassinato da modelo Eliza Samudio em 2010. Não foram poucas as vezes em que vários clubes do Brasil o procuraram oferecendo contratos numa tentativa de atrair a atenção da mídia e que “torcedores” o chamaram de ídolo mesmo sem que ele demonstrasse um pingo de arrependimento.

Nos dois casos, nossos times agem como se nada tivesse acontecido e se limitam a dizer que a situação (no caso de Jean) “faz parte da vida pessoal do atleta”. Não é preciso ser nenhum especialista no assunto para concluir que esse discurso é o que mais deixa as mulheres vulneráveis diante dos seus agressores. Vários outros jogadores de times famosos foram acusados de violência doméstica e a própria mídia fez força para abafar as acusações, agindo como se a “carreira” do atleta fosse mais importante do que uma vida.

A NFL já deu um pontapé inicial para coibir esse tipo de atitude. Assim sendo, que tal a CBF e nossos clubes seguirem essa ideia? Que tal um código de conduta pessoal? Algo que faça com que os agressores ao menos pensem e reflitam antes de cometerem qualquer tipo de violência. E isso aliado a campanhas de conscientização fortes para acabar com esse problema gravíssimo.

A violência contra a mulher é uma verdadeira epidemia. E o futebol é o retrato perfeito da nossa sociedade. É um meio que repete o machismo e o sexismo que vemos todos os dias em forma de agressões, piadinhas e até assassinatos.

VASCO SEGUE COM PROBLEMAS

Por conta de uma dívida de R$ 1 milhão com o atacante Jorge Henrique, o Vasco está impedido de inscrever jogadores na CBF. Some isso aos problemas financeiros e você vai entender porque o Gigante da Colina anda de pires na mão. Vasco e Jorge Henrique se acertaram, mas ainda falta fazer muita coisa pra arrumar a casa de vez.

BOTAFOGO SEGUE A LINHA DO BOM E BARATO

Os reforços estão chegando e a tendência é que o Botafogo monte um time bem melhor do que aquele que encerrou o ano de 2019. Mesmo assim, a política do “bom e barato” pode sair cara. Os resultados precisam aparecer.

FLAMENGO SEGUE REFORÇANDO O ELENCO

Primeiro foi Pedro Rocha e agora o zagueiro Gustavo Henrique. E ainda tem Michael e possivelmente Pedro e Thiago Maia. Não parece que o Flamengo vai sentar em cima dos louros de 2019. O time segue se reforçando. E com vontade.

FLUMINENSE PODE SURPREENDER 

Fernando Pacheco, Hudson, Henrique, Caio Paulista. Aos poucos, o Fluminense vai montando um time interessante. Mesmo com as saídas de Allan, Caio Henrique e Yony González, o Tricolor das Laranjeiras pode surpreender nesse início de 2020.

Edição: Brasil de Fato (RJ)