Violência de Estado

Letalidade policial aumenta 92% sob governo de Wilson Witzel

A polícia fluminense assassinou um civil a cada 3,3 operações, de acordo com o Observatório da Segurança do RJ

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |

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Uma das vítimas da letalidade policial foi Agatha Vitória Sales Félix, de oito anos, que foi baleada pelas costas
Uma das vítimas da letalidade policial foi Agatha Vitória Sales Félix, de oito anos, que foi baleada pelas costas - Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

Sob o primeiro ano do governo de Wilson Witzel (PSC), a letalidade da polícia fluminense aumentou 92% em relação a 2018. 
O dado é resultado de um balanço de operações policiais realizado pelo Observatório da Segurança do Rio de Janeiro, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC), divulgado nesta quarta-feira (22). 

Ao todo no Estado foram registradas 1.810 mortes decorrentes de ação policial, o que representa que uma entre cada três mortes contabilizadas ao longo de 2019 foram cometidas por policiais, segundo dados do Instituto de Segurança Pública do Rio de Janeiro.

Silvia Ramos, coordenadora da Rede de Observatórios de Segurança Pública do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, classifica a situação de segurança pública no Rio como “extremamente grave” e aponta uma transferência da letalidade dos grupos criminosos para as forças de segurança.

“Pessoas que antes eram mortas pelas facções e pelos criminosos, atualmente estão sendo mortas pela polícia. O perfil dos mortos não mudou, o que mudou foram seus autores. Agora policiais assumem abertamente mortes que antes eram praticadas por criminosos”, afirma.

O balanço mostrou também que 1.296 operações policiais, entre janeiro e dezembro de 2019, resultaram em 387 mortes de civis, ou seja, um assassinato cometido pela polícia a cada 3,3 operações.

A coordenadora da Rede de Observatórios de Segurança Pública ressalta que o número de ações policiais no Estado cresceram para um “patamar extraordinário”. Ramos aponta que a área de segurança pública do Rio de Janeiro está sendo reduzida a operações no varejo da venda de drogas, com pouco planejamento e alta letalidade.

“Todo dia saem patrulhas e vão trocar tiros com os criminosos nos bairros de periferia, sem nenhum plajamento,  sem nenhuma investigação e  nenhuma integração com outras forças. São operações no varejo, improvisadas e por isso mesmo tem alta letalidade. Nós temos nesse momento uma polícia amadora, que não utiliza técnicas de polícia. Faz muito tiroteio, muita morte e [usa]  pouca inteligência”, afirma Ramos.

Edição: Leandro Melito