ALERTA

Caso barragens da Billings e Guarapiranga rompam, moradores não sabem como agir 

MAB organizou seminário para lembrar tragédia de Brumadinho 

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Com o tema “Barragens Billings e Guarapiranga: Estamos seguros?" seminário conscientiza população sobre possíveis riscos
Com o tema “Barragens Billings e Guarapiranga: Estamos seguros?" seminário conscientiza população sobre possíveis riscos - Guilherme Gandolfi/MAB

Se as barragens das represas Billings e Guarapiranga romperem, não há planos de segurança e evacuação da população local. A denúncia foi feita pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), neste sábado (25), durante um seminário em Santo Amaro, zona sul de São Paulo. 

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“É muito comum a população que mora no entorno da região não saber que existem duas barragens aqui. As duas não possuem plano de ação de emergência. Se passar uma viatura anunciando que a barragem rompeu, alguém sabe para onde correr? Alguém sabe onde é o ponto de encontro?” pergunta Ubiratã de Souza Dias, conhecido como Bira, da coordenação estadual do MAB. 

O seminário “Barragens Billings e Guarapiranga: Estamos seguros?” foi produzido neste dia 25 de janeiro, por conta dos dois anos de rompimento da barragem de rejeitos da Vale em Brumadinho (MG). O movimento, que atua na região de Brumadinho e também de Mariana, onde uma barragem da Samarco rompeu, no dia 5 de novembro de 2015, espera que o seminário sirva de alerta aos moradores.

“A Billings é a maior barragem em área urbana do mundo. Um rompimento aqui seria uma tragédia. Já perdemos a oportunidade de fazer com que Brumadinho não tivesse acontecido, que sirva como lição e que o povo tenha o direito de se informar sobre os riscos que corre”, explica Bira. 

“Eu moro aqui e não sabia” 

Moradora do Grajaú, Scheila Nobre contou durante o encontro que só tomou conhecimento dos riscos que sofre, em caso de rompimento da barragem, quando participou de uma reunião do MAB. “Eu moro aqui e não sabia. Estou assustada. Isso é sério demais e o mais preocupante é que a população não quer ouvir. Vamos esperar uma tragédia como Mariana e Brumadinho para tomar uma atitude? Temos que levar informações para as comunidades e famílias sobre os riscos”, ressalta Scheila. 

Ex-presidente da Agência Nacional das Águas (ANA), Vicente Andreu Guillo afirmou que é comum que as populações locais desconheçam os riscos que correm. “O PAE (Plano de Ação de Emergência) só é exigido depois que a barragem está pronta. Mas o PAE é o mais importante para a população local. É o que determina o que acontecerá na área em caso de rompimento da barragem”, explica.

Ato de solidariedade 

Após o seminário, militantes e moradores da região seguiram até a represa Billings, onde fizeram lembraram as mortes provocadas pela Vale em Brumadinho. Na beira da represa, uma sirene de alerta foi tocada. Em Mariana e Brumadinho, moradores se queixam que as sirenes que deveriam avisar a população local sobre o rompimento da barragem, não foram acionadas.

Edição: Douglas Matos