História

Vídeo mostra vítimas do massacre de Eldorado dos Carajás 20 anos depois

O Brasil de Fato esteve na região para conversar com sobreviventes, mutilados e familiares dos mortos

Redação |
Passadas duas décadas, apenas os dois comandantes das tropas que encurralaram os sem-terra estão presos
Passadas duas décadas, apenas os dois comandantes das tropas que encurralaram os sem-terra estão presos - Reprodução

O assassinato de trabalhadores sem-terra, ocorrido na Curva do S, trecho da rodovia PA-275, no sul do Pará, completou 20 anos em abril. A ação da Polícia Militar (PM) para liberar a estrada, em Eldorado dos Carajás, ocupada por integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) deixou 21 mortos e 69 feridos. O Brasil de Fato esteve na região para conversar com sobreviventes e mutilados, além de familiares dos mortos, e mostra, neste vídeo, as marcas ainda presentes do massacre.

Passadas duas décadas, apenas os dois comandantes das tropas que encurralaram os sem-terra estão presos. São eles, coronel Mário Colares Pantoja e major José Maria Oliveira, que receberam penas de 280 e 158 anos, respectivamente. Foram 16 anos até que se encerrassem os pedidos de recursos que condenariam em definitivo esses dois policiais. Os policiais de patentes inferiores também foram a julgamento, mas foram todos absolvidos.

De acordo com o promotor Marco Aurélio Nascimento, que atuou no caso, a manipulação da cena do crime pela polícia com a retirada dos corpos, a ausência de identificação no fardamento dos agentes, o sumiço da cautela de armas (que identifica qual armamento foi usado pelos policiais) inviabilizaram a individualização da pena e, portanto, a condenação deles.

Os chefes do Executivo, entre eles, o governador da época, Almir Gabriel (PSDB); o secretário de Segurança Pública, Paulo Sette Câmara; e o então comandante da Polícia Militar, Fabiano Lopes, também não foram responsabilizados. Segundo a Promotoria do caso, foi do gabinete desses gestores que partiu a ordem para desobstrução da via.

Este é o quadro que faz a palavra “impunidade” aparecer de forma recorrente entre aqueles que sobreviveram ao Massacre de Eldorado dos Carajás, ocorrido no dia 17 de abril de 1996.

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