Secundaristas

TJ suspende reintegração de posse no Centro Paula Souza

SSP se nega a cumprir mandado sem armas letais nem não letais e recorre à Procuradoria

São Paulo (SP) |
Secundaristas na ocupação do Centro Paula Souza, em São Paulo, nesta quinta (5)
Secundaristas na ocupação do Centro Paula Souza, em São Paulo, nesta quinta (5) - José Eduardo Bernardes/Brasil de Fato

O mandado de reintegração de posse do Centro Paula Souza, deferido em audiência de conciliação na tarde da última quarta (4), foi suspenso pelo Tribunal de Justiça (TJ) no início da tarde desta quinta (5). O motivo é que a Secretaria de Segurança Pública (SSP) se recusou a aceitar as condições do mandato de não utilizar armas letais nem não letais. A reintegração também deveria ser acompanhada pelo secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes. 

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) disse que a reintegração de posse está mantida, mas "só será cumprida no momento adequado, quando afastadas as duas condições abusivas e ilegais fixadas pelos magistrados da Central de Mandados".

O uso de armas não letais pode, segundo a nota da SSP, "gerar riscos no momento de retirada dos invasores". "A análise sobre a necessidade ou não de porte de armas, inclusive não letais, deve ser feita pela Polícia Militar, para garantir a integridade dos próprios manifestantes", diz a nota. 

A SSP solicitou providências sobre o caso à Procuradoria Geral do Estado, "para afastar as ilegalidades, permitindo o integral cumprimento da ordem judicial".

Crítica à PM

"O governador, mais uma vez, perde a oportunidade de estabelecer um outro método de lidar com as manifestações, especialmente com os estudantes", pontuou o deputado estadual João Paulo Rillo (PT-SP), que visitou a ocupação na manhã desta quinta-feira. "O senhor Geraldo Alckmin comprova o seu despreparo para conviver com a democracia e apela para aquilo que ele tem, a Justiça e sua polícia, muitas vezes truculenta", completa.

Em um jogral, realizado próximo ao horário determinado para a reintegração, os alunos disseram que seguirão com as ocupações até que a merenda esteja em todas as escolas estaduais. "Não vamos desistir. Nossa pauta é justa, nós resistiremos", afirmaram os alunos que ocupam a unidade.

A ordem judicial determinou que os estudantes deveriam deixar o Centro Paula Souza até as 9h da manhã para evitar qualquer confronto. Os alunos retiraram pertences, como materiais de limpeza, roupas de cama e alimentos, da ocupação. 

Mesmo sob a apreensão da chegada policial, os alunos dançaram, cantaram músicas de protesto, pintaram os rostos e festejaram durante toda a manhã. No horário do almoço, "quentinhas" chegaram à ocupação, doadas por colaboradores do movimento.

Edição: Camila Rodrigues da Silva 

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