Em março deste ano a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgou um balanço sobre a realidade financeira dos jogadores de futebol no País. O levantamento mostrou que 82% dos atletas recebem menos de R$ 1 mil mensais. Mesmo assim muitas famílias ainda veem no esporte a chance de mudar de vida e estimulam seus filhos a seguir na profissão. A situação pode tornar-se ainda mais complicada quando um contrato é assinado com um empresário para decidir o futuro do jovem, muitas vezes, ainda criança.
“É um grande risco ficar na mão de alguém que você não conhece e cuja credibilidade, às vezes, é bastante duvidosa”, explica o advogado e professor universitário Ricardo Nunes de Mendonça. “A maioria dos atletas profissionais no Brasil são pessoas com baixo poder econômico e com instrução deficitária por culpa dos problemas sociais que os assolam”, completa. Por este motivo, os jovens que sonham com uma vida de fama no esporte e os pais que projetam o fim da miséria pelo esporte tornam-se alvos fáceis para estes empresários.
“Nós temos 20 clubes na Série A outros 20 clubes na Série B com elencos que variam de 20 a 30 atletas. Você vai ter uma massa de 600 jogadores que vão ganhar dinheiro de verdade, o resto vai passar muita dificuldade. Alguns empresários que aí estão cooptam as famílias e não raro abandonam os jovens em estado de miséria quando não os abandonam no meio de uma competição, sem mecanismos para retornarem aos seus lares.”, alerta o advogado.
Para Mendonça, um acordo assinado sem a devida atenção pode por fim não apenas a carreira, mas aos sonhos dos jovens. “Não termina apenas a carreira, mas sim os sonhos. É uma frustração muito grande, os meninos acabam abandonando o futebol”, conclui.
