OCUPAÇÕES DE ESCOLAS

Editorial: Ocupar é resistir

Os estudantes mostraram, com seu próprio exemplo, como a escola pode ser um espaço de formação de pessoas melhores

Rio de Janeiro |
As ocupações foram fundamentais para arrancar do governo reivindicações importantíssimas
As ocupações foram fundamentais para arrancar do governo reivindicações importantíssimas - Tânia Rêgo/Agência Brasil

Os últimos meses vão ficar marcados para sempre na história da educação pública no Rio de Janeiro. Greve dos professores por melhores condições de trabalho, mobilizações contra o golpe nas universidades e, principalmente, o movimento dos estudantes por uma educação de qualidade.

Mais de 70 escolas foram ocupadas para pressionar por melhores condições de estrutura e criticar o autoritarismo das direções. Os estudantes mostraram, com seu próprio exemplo, como a escola pode ser um espaço de formação de pessoas melhores.

Os colégios se tornaram democráticos. Todos podem opinar e decidir sobre os rumos em assembleias nas quais a participação é livre, inclusive a moradores das comunidades, mães e pais de estudantes, ex-alunos, etc.

Os estudantes passaram a ter maior respeito e cuidado com o espaço da escola. Eles e elas se organizaram para pintar as paredes, fazer comida, limpar os banheiros e corredores, além de todo tipo de trabalho.

Também fizeram da escola um importante espaço de integração da comunidade, organizando atividades abertas, com muita cultura e participação. O resultado disso: os próprios moradores, próximos à escola, passaram a contribuir com a escola, ajudando nos serviços, doando alimentos e materiais e ajudando a ocupação a se manter.

Para além dos muitos aprendizados, a ocupação também foi fundamental para arrancar do governo reivindicações importantíssimas.  Como por exemplo a possibilidade de os próprios estudantes e professores escolherem a direção da escola. Isso antes era feito com a indicação do governo, sem diálogo com ninguém. Também foi firmado um compromisso de maior investimento para resolver problemas de estrutura, e o fim do Saerj, prova que submetia as escolas a uma competição que fortalecia a desigualdade de condições.

É verdade que muitas das reivindicações ainda não foram conquistadas, além das tentativas do governo de desmobilizar as ocupações, fortalecendo o movimento "desocupa". Apesar disso, os estudantes demonstraram que são capazes de resistir, e, de forma organizada, alcançar uma educação melhor para toda a juventude.

 

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