Votação

Pouco antes do início da sessão, quatro candidatos desistem da presidência da Câmara

Disputa segue em clima de instabilidade e incertezas; votação pode entrar pela madrugada

Brasília (DF) |
Os deputados Beto Mansur (PRB-SP), Maria do Rosário (PT-RS), Heráclito Fortes (PSB-PI) e Fausto Pinato (PP-SP) desistirem da disputa nas últimas horas.
Os deputados Beto Mansur (PRB-SP), Maria do Rosário (PT-RS), Heráclito Fortes (PSB-PI) e Fausto Pinato (PP-SP) desistirem da disputa nas últimas horas. - Agência Brasil

O plenário da Câmara dos deputados está reunido desde as 17h30min desta quarta-feira (13) na sessão que vai eleger o sucessor de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) na presidência da Casa. Depois de contar com uma lista de 18 inscritos, o pleito tem 14 candidatos, após os deputados Beto Mansur (PRB-SP), Maria do Rosário (PT-RS), Heráclito Fortes (PSB-PI) e Fausto Pinato (PP-SP) desistirem da disputa nas últimas horas.

Segundo informações da Secretaria-Geral da Mesa Diretora, esta é a eleição mais concorrida da Casa desde 1979. Diante desse cenário de intensa pulverização, a disputa ocorre num clima de incertezas.

O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi o primeiro candidato a discursar em plenário. “Estarmos aqui hoje é antinatural. Esta é uma eleição atípica, porque vivemos uma profunda crise política e sei que estou pronto pra enfrentar esta tormenta”, disse.

“Precisamos trazer de volta a normalidade da Casa”, disse na tribuna o deputado Pauderney Avelino (DEM-AM), que fez um apelo em torno da candidatura de Maia. O líder do PDT, Weverton Rocha (PDT-MA), criticou Cunha e disse que o novo presidente da Câmara deverá ter como prioridade o resgate do convívio democrático entre as diversas forças políticas. “Temos que restabelecer o convívio e o diálogo conforme o regime democrático, fazendo um pacto com a boa política e com respeito ao exercício do mandato. Os partidos precisam voltar a um diálogo institucional para tratar as demandas da Casa porque isso deixou de existir”, disse.

As horas que antecederam a sessão foram marcadas por articulações de bastidores e clima de campanha política nos corredores da Casa, com boca de urna, distribuição de cartazes e panfletos. Em meio a uma disputa tão pulverizada, o cenário é duvidoso e os candidatos tentam angariar votos nestes últimos instantes que antecedem a votação.

Candidatos

Os 14 parlamentares que concorrem à vaga de presidente são: Orlando Silva (PCdoB-SP), Esperidião Amin (PP-SC), Gilberto Nascimento (PSC-SP), Carlos Henrique Gaguim (PTN-TO), Carlos Manato (SD-ES), Fabio Ramalho (PMDB-MG), Luiza Erundina (PSOL-SP), Cristiane Brasil (PTB-RJ), Giacobo (PR-PR), Miro Teixeira (Rede-RJ), Evair Vieira de Melo (PV-ES), Marcelo Castro (PMDB-PI), Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Rogério Rosso (PSD-DF).

Os dois últimos são apontados como favoritos e contam com a simpatia do presidente interino Michel Temer, que, segundo fontes de bastidores, trabalha para que eles cheguem ao segundo turno da eleição. A intenção do Planalto seria inviabilizar a candidatura de Castro (PMDB-PI), ex-ministro da Saúde do governo Dilma, que deve atrair parte dos votos petistas.

O líder do PT na Câmara, Afonso Florence (BA), anunciou na manhã desta quarta-feira (13) que a legenda deve apoiar Castro na disputa. O PT estaria contando com o voto de 48 dos 58 deputados da bancada, hoje a segunda maior da Casa. Mesmo sem ter a força política dos dois favoritos, Castro tem tentado vitaminar a campanha com o auxílio da legenda.

Já Rogério Rosso (PSD-DF) conta com o apoio do chamado “centrão”, que reúne siglas de centro-direita e hoje tem maioria na Câmara, com 217 parlamentares. Pela proximidade do bloco com Cunha, Rosso é apontado como o candidato do peemedebista, além de contar com a receptividade do Planalto.

A candidatura de Rodrigo Maia (DEM-RJ) deve contar com votos do PPS, do PSB, do DEM e do PSDB, que anunciaram apoio ao parlamentar nesta quarta-feira (13). As quatro legendas somam 117 deputados no universo de 513 da Câmara. No entanto, diante da instabilidade política que tomou conta do Congresso nos últimos meses e mais especialmente na última semana, o jogo de forças segue num clima de incertezas e os blocos contam com prováveis traições na hora do pleito. Nos bastidores, assessores e parlamentares evitam fazer grandes apostas.

Mandato

O presidente eleito vai exercer um mandato-tampão, cuja validade se encerra em fevereiro de 2017. A antecipação da eleição ocorre como resultado da renúncia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), na última quinta-feira (7). Para os parlamentares de oposição ao peemedebista, Cunha estaria orquestrando mais uma manobra para fugir da cassação, já que responde a um processo político-disciplinar no Conselho de Ética da Câmara.

Pleito

A eleição, que pode se estender pela madrugada, terá voto secreto e contabilizado através de urnas eletrônicas. Os parlamentares esperam um resultado de segundo turno, já que, para levar a disputa no primeiro turno, o vencedor precisaria contar com a maioria absoluta dos votos (metade mais um), um placar bastante improvável diante da pulverização da disputa.

No eventual segundo turno, ganha o parlamentar que obtiver a maioria simples dos votos. Votos brancos são contabilizados para efeito de quórum, mas o mesmo não vale para votos nulos, por exemplo. Em caso de empate, é eleito o parlamentar mais idoso entre os que acumulam o maior número de legislaturas na Câmara.

Edição: Simone Freire. 

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