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Futebol

Cultura, tradição e habilidade no pé

Composta por diversas etnias, Seleção Indígena Brasileira de Futebol busca visibilidade e apoio financeiro

De Alto paraíso (GO) |
Jogadores sonham realizar Copa Sul-americana de Futebol Indígena e Copa do Mundo Indígena.
Jogadores sonham realizar Copa Sul-americana de Futebol Indígena e Copa do Mundo Indígena. - Pedro Henriques

Desde o dia 15 de julho, o Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, que acontece na Vila de São Jorge, em Goiás, reúne pessoas de diversas partes do mundo num intercâmbio cultural com povos indígenas, remanescentes quilombolas, pequenos produtores, artesãos, rezadeiras e artistas populares. São duas semanas de muita festa, trocas e aprendizado, em que é possível conhecer inúmeras tradições e iniciativas protagonizadas por essas populações. Entre elas está a Seleção Indígena Brasileira de Futebol (SIBF).

A SIBF, criada em 1991 por iniciativa do técnico e funcionário da FUNAI há 36 anos, Carlos Alberto Dias, é composta por várias etnias espalhadas pelo Brasil, como Kariri-Xocó, Kamaiurá, Karajá, Terena, Fulni-ô, entre outras. Ela atua como associação sem fins lucrativos, que busca profissionalizar os jovens indígenas, promovendo um diálogo com as comunidades.

No início, a equipe jogava apenas em comemorações oficiais, como no Dia do Índio, mas hoje o técnico tem grandes ambições e pretende encontrar mais oportunidades. Uma delas prevê a realização da primeira Copa Sul-americana de Futebol Indígena para julho de 2017, além do sonho de uma Copa do Mundo, em 2020.

De acordo com o técnico, a seleção nasceu de forma despretensiosa. Ex-jogador profissional, Dias visitava muitas aldeias e, sempre que olhava os jovens jogando bola, pensava: “Por que não criar uma Seleção Indígena Brasileira de Futebol?”.  E foi assim que, em outubro de 1991, o time foi criado.

Durante a primeira semana do Encontro de Culturas, a SIBF jogou contra o time local do município de Alto Paraíso, de Goiás, no Estádio Municipal Odilon Nunes Bandeira. O jogo terminou em 2X2, com uma grande virada do time indígena no segundo tempo. As duas equipes festejaram a vitória em meio a um estádio com mais de 100 espectadores. Por fim, os jogadores da casa ofereceram o troféu aos visitantes.

Dificuldades

O técnico conta que, a partir da seleção, surgiram oportunidades para os jovens em outros times. É o caso do capitão do Tiago Karajá, da região do Xingu, ao norte do Mato Grosso, que hoje joga profissionalmente em Marabá, no Pará. Ao todo, oito atletas da SIBF atuam em times de pequenos municípios. Mesmo com maior visibilidade, a seleção indígena tem a falta de verba como principal barreira. "Desde o início, a seleção vive com dificuldades de se fortalecer por conta do dinheiro", explica Karajá.

Auakamu Kamaiurá, que joga desde 2008, confessa que, muitas vezes, não pode estar presente por não ter dinheiro para ir aos jogos marcados. Conhecido como “Kaka”, por lembrar fisicamente o jogador brasileiro, Kamaiurá mostra que além da cultura e tradição, os indígenas têm muita habilidade no pé.

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