Privacidade

Julian Assange discute segurança nas redes no 3º Acampamento do Levante

Fundador do WikiLeaks, que está exilado na embaixada do Equador em Londres, conversou por videoconferência

Enviada especial a Belo Horizonte (MG) |
Julian Assange participa por videoconferência do 3º Acampamento Nacional do Levante Popular da Juventude
Julian Assange participa por videoconferência do 3º Acampamento Nacional do Levante Popular da Juventude - Norma Odara Fes/Brasil de Fato

O australiano Julian Assange, fundador do WikiLeaks (organização sem fins lucrativos que reúne ciberativistas de todo o mundo e publica informações confidenciais vazadas de governos e empresas), participou nesta quinta-feira (8) de videoconferência com os jovens do 3º Acampamento Nacional do Levante Popular da Juventude. O evento está acontecendo desde segunda (5) em Belo Horizonte (MG).

O bate-papo com Assange, que está exilado há mais de três anos na embaixada do Equador em Londres, durou mais de uma hora e levantou questões sobre monitoramento nas redes, fluxo de informações e alternativas seguras na web.

Julian fez um comparativo do monitoramento dos EUA às redes mundiais de internet. Para ele, o poder que o imperialismo exerce é o equivalente ao de verdadeiros “deuses”, segundo as próprias palavras de Assange.

“Ao monitorar seu comportamento online e o que altera sua conduta, eles têm acesso até aos seus sentimentos e o seu coração. É algo semelhante às igrejas. Mesmo quando as pessoas saem dessas instituições, continuam se sentindo monitoradas. Isso influencia nas atitudes delas”, avalia.

Segundo dados da International Data Corporation (IDC), um terço dos dados de todo o mundo estão armazenados nos Estados Unidos. Isso inclui conversas de e-mails, dados bancários e informações de governos.

Massas

Para o estudante de jornalismo e militante do Levante Popular da Juventude do Rio Grande do Norte, Kennet Anderson, 19, que fez uma pergunta a Assange sobre meios de comunicação seguros e programas alternativos, é necessário que, num momento de transformação profunda da sociedade, a juventude esteja articulada com as massas.

“Precisamos nos valer de uma comunicação que fuja do controle de setores imperialistas e dos setores conservadores do Brasil”, aponta.

O ciberativista explicou que são poucos os países capazes de desenvolver essas “tecnologias alternativas”. Existem, por exemplo, propostas como o Signal e o Telegram, que possuem pouca adesão, mas que lidam com criptografia e segurança. Para ele, países com uma população muito numerosa são esses potenciais “viralizadores”.

“Na Rússia, existe o VKontakte (VK), na China eles possuem uma alternativa ao Twitter, e o Brasil tem grande capacidade de desenvolver redes assim, por ser um país imenso e por possuir milhões de falantes da língua portuguesa”, afirma Assange em resposta ao estudante brasileiro Kennet.

Edição: Camila Rodrigues da Silva

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