Minas Gerais

Rua

Mulheres conquistam mundo do grafite

Formado por quatro pintoras, grupo Minas de Minas é referência de arte e resistência no Brasil

Belo Horizonte |
Artistas acreditam que o baixo número de mulheres no grafiti tem a ver com o medo
Artistas acreditam que o baixo número de mulheres no grafiti tem a ver com o medo - Arquivo Pessoal

"A arte não tem gênero. O que existe é técnica, capacidade e vontade”, declara Carolina Jaued, a Krol, do grupo belo-horizontino de grafiteiras Minas de Minas. Criado para ser um espaço de fomento da Cultura Hip Hop para mulheres, o coletivo existe desde 2012 e conta com mais três integrantes: Viber, Musa e Nica. 
Até então, elas formam a única crew - termo que pode definir amizade, camaradagem e família na linguagem das ruas - do sexo feminino em exercício no Brasil. Entre outras atividades, as artistas organizam oficinas, debates sobre ocupação dos lugares públicos, representatividade, participam de eventos e deixam os muros das cidades brasileiras mais bonitos. 
Cada uma tem um estilo diferente. Krol utiliza traços largos e bastante cor. Viber é adepta dos personagens e tem o traço mais delicado, voltado para o realismo. Já Nica e Musa trabalham com letras. Apesar de se comunicarem de maneiras distintas, elas nunca trabalham - nem andam! - só. São parceiras de vida e todo o processo profissional é criado para que os desenhos se complementem.
Krol acredita que o baixo número de mulheres no grafite tem a ver com o receio de ficarem sozinhas na rua e também do preconceito que ronda a atividade. “Muitos homens, quando avistam um grupo só de meninas, começam a fazer cantadas, caçoar. Já ouvi coisas como “você, mulher, aí pintando? Vai lavar vasilha!”, relata. Pela intolerância, elas também já tiveram seus sprays roubados. Quanto a isso, Krol conta que o Minas de Minas está ajudando as artistas de rua a se sentirem mais à vontade e encorajadas para mostrarem seu talento. “Tem garota que começou a grafitar por nossa causa”, alegra-se.
A crew não possui nenhum tipo de patrocínio e produz de forma independente, com o dinheiro das suas demais ocupações. Com o esforço, já se consolidou pelo país, tornando-se referência e sendo convidada especial de diversos eventos do setor.

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