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Crivella não assume que pregava ideologia colonial na África

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Crivella tinha 42 anos ao editar o trabalho que fez na África, como bispo missionário da Igreja Universal do Reino de Deus
Crivella tinha 42 anos ao editar o trabalho que fez na África, como bispo missionário da Igreja Universal do Reino de Deus - Reprodução
Crivella já se aliou aos segmentos mais reacionários da política brasileira

Não adianta o candidato a Prefeito do Rio de Janeiro, Marcelo Crivela (PRB) dizer agora que não tinha “maturidade” quando escreveu o livro “Evangelizando a África", lançado em 2002 no Brasil e que faz duras críticas a diversas religiões e aos homossexuais.

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Crivella tinha 42 anos ao editar o trabalho que fez na África, como bispo missionário da Igreja Universal do Reino de Deus. Já tinha maturidade suficiente. Ele não foi nada original ao exalar ódio, repetindo o que os colonizadores ocidentais fizeram ao longo da história do continente africano.

Na verdade, Crivella de forma oportunista, como um exemplar típico de um político carreirista, corre os bairros da cidade do Rio de Janeiro prometendo mundos e fundos e já se aliou aos segmentos mais reacionários da política brasileira. Tem o apoio de nada mais nada menos que da família Bolsonaro, do Índio da Costa, vice de José Serra, e outros menos votados.

Crivella, independente de qualquer coisa, conta com o apoio de lideranças religiosas fundamentalistas que pregam o ódio. E, como diria o mestre Veríssimo, “prega conceitos e preconceitos”  contra outras religiões, incluídos aí as populações LGBT.  

Crivella, sobrinho do Bispo Macedo, está engajado no projeto pseudo religioso desta figura enganadora de incautos que quer chegar ao poder em Brasília.

Macedo não esconde o que pretende para o Brasil e publicou, junto com Carlos Oliveira, um livro nesse sentido com o título “Plano de Poder – Deus, os Cristãos e a Política”. Aí a turma do Macedo e do Crivella não esconde o jogo de tomar o poder através de um projeto fundamentalista, pernicioso à democracia.

Religião e fé não se discutem, é questão particular de cada pessoa. Mas quando se utiliza a religião para enganar incautos, aí merece a denominação de pseudo.

Crivela prefere hoje pedir desculpas pelo que escreveu e usa linguajar para aparecer como um político humanista. Nada a ver, muito pelo contrário. Ele significa retrocesso e por mais que discurse de forma enganadora, não esconde seu ideário que tem o apoio dos segmentos extremistas da política brasileira.

Representa, vale sempre repetir, um retrocesso para o Rio de Janeiro. E depois de afirmar que não pretendia o apoio do famigerado PMDB, já obteve o respaldo de segmentos fisiológicos do referido partido. Aliás, falar em fisiologismo referindo-se ao PMDB é redundância...

O Rio de Janeiro, pelo seu passado de luta, não merece um retrocesso de tamanha monta como o representado por Marcelo Crivella, que se apresenta também como bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus.

O depoimento da mulher de Crivella, segundo matéria publicada em O Globo, confirma, se é que há dúvidas, a ideologia colonialista e retrógrada da família.  Isso O Globo não mencionou.  

O mesmo olhar colonialista de Crivella em relação à África ela teve ao confirmar que se inspira numa avó inglesa, que alertada por um dentista que “iria para o fim do mundo e que morreria se tivesse dor de dente, pois não conseguiria assistência”. Aí, confirmada pela própria neta, a avó veio para o Brasil só depois de “arrancar todos os dentes e colocar dentadura“.

Eis aí um grande exemplo também de uma visão colonial da metrópole inglesa. Ter como exemplo tal fato é realmente confirmar toda uma história retrógrada, que merece o repúdio da cidadania consciente.

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