Protestos

"A greve geral virá no timing da reforma da Previdência", afirma presidente da CUT

Vagner Freitas estava no ato que encerrou o Dia Nacional de Greves e Mobilizações em São Paulo (SP), na Praça da Sé

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Na Praça da Sé, concentração do ato que encerrou o Dia Nacional de Greves e Paralisações em São Paulo (SP), nesta sexta (11)
Na Praça da Sé, concentração do ato que encerrou o Dia Nacional de Greves e Paralisações em São Paulo (SP), nesta sexta (11) - Rute Pina/Brasil de Fato

O Dia Nacional de Greves e Paralisações, chamado por centrais sindicais, foi considerado "um sucesso" por sindicalistas que estavam presentes no ato de encerramento que aconteceu no final da tarde desta sexta (11) na Praça da Sé, em São Paulo (SP).

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Cidades de pelo menos 18 estados da Federação amanheceram com protestos contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 55 (antiga PEC 241), que estabelece limites para o investimento em serviços públicos para as próximas duas décadas. Nem a organização nem a Polícia Militar divulgaram o número de participantes.

Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vagner Freitas, os atos de hoje, que ocorreram em cidades de todo o Brasil, foram "um sucesso, rumo à greve geral". 

"É preciso muito cuidado com isso, porque hoje no Brasil temos muitos opositores às causas dos movimentos sociais e às causas populares. E o principal opositor que eu vejo é a mídia. A mídia estava louquinha para dizer que nós não temos representatividade e, por isso, não fizemos a greve geral", ponderou. "Eu acho que a greve geral virá no timing da reforma da Previdência que Temer está propondo, já que este é um dos temas mais inflamáveis para nós, trabalhadores e trabalhadoras", aposta o sindicalista.

A mobilização, que inicialmente estava sendo convocada como "greve geral" pelas oito centrais sindicais, mudou de nome nas últimas semanas para "Dia Nacional de Greves e Paralisações". Além de trabalhadores organizados, também estavam presentes militantes de movimentos populares que integram as frentes Brasil Popular e Povo sem Medo.

Raimundo Bonfim, coordenador da Central de Movimentos Populares (CMP), também avalia como positiva a articulação que culminou em greves setoriais, paralisações e trancamentos de avenidas e estradas desde o início da manhã desta sexta (11).

"Na verdade, gostaríamos de uma greve geral mais clássica, no sentido de parar a produção e a circulação de mercadorias no Brasil, mas a gente entende a dificuldade dos trabalhadores em um momento de crise econômica e de muito medo da perda de emprego. Mas eu avalio que a unidade das centrais sindicais com os movimentos populares é fundamental para que a gente avance no estreitamento com a classe trabalhadora", afirma o dirigente.

Representantes das duas frentes anunciaram que, no dia 27 de novembro, quando a PEC 55 será votada no Senado, haverá mais mobilizações no país. "Não estamos encerrando o ano hoje", finaliza Bonfim.

Balanço do dia

Logo pela manhã, trabalhadores dos serviços de transporte público interromperam suas atividades em diversas cidades. Em Salvador, capital baiana, condutores não retiraram os ônibus da garagem.

Em Sorocaba, município do interior paulista, a frota de coletivos deve permanecer fora de circulação até as 12h. Já em Guarulhos, região metropolitana de São Paulo, os veículos de 99 linhas municipais não foram às ruas até 7h da manhã.

Vias foram bloqueadas em diversos pontos do país. A Rodovia Presidente Dutra foi trancada em dois sentidos no interior de São Paulo. Professores também interromperam o fluxo de veículos no principal ponto de acesso ao Aeroporto Internacional de Guarulhos. A Anchieta também teve pontos bloqueados. A Marginal Pinheiros, região oeste da capital, também teve protestos.

Em Pernambuco, estradas foram paralisadas e um dos municípios mobilizados no estado foi Caruaru. Na Zona da Mata pernambucana também houve bloqueios em vias. No estado, ao menos 28 pontos de bloqueio em diversas vias ocorreram ao longo do dia.

A BR-153, na altura do anel viário de Aparecida de Goiânia, em Goiás, foi bloqueada às 7h e permanecia com o fluxo de veículos interrompido pelo menos até as 10h.

Prédios públicos também foram ocupados por manifestantes. Na cidade de Abaetetuba, localizada a 100 km de Belém, no nordeste do Pará, a sede do INSS foi ocupada em protesto.

Marchas de rua também estão sendo realizadas. Em Chapecó (SC), por exemplo, mais de 3mil trabalhadores e trabalhadoras se concentram na Praça Coronel Bertaso para darem início a uma caminhada. Cerca de dez mil pessoas marcharam pelas ruas do centro de Belo Horizonte (MG).

As manifestações promovidas nesta sexta-feira também tiveram a adesão de estudantes universitários que ocupam universidades federais. Em Porto Alegre (RS), alunos da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) realizaram protestos pelo centro da cidade. Trabalhadores e trabalhadoras da educação do Instituto Federal da Paraíba (IFPB) interromperam suas atividades e realizaram uma assembleia para discutir os impactos da PEC 55 sobre a educação.

O plano de venda de ativos da Petrobras para a iniciativa privada também foi alvo das manifestações. Em Macaé, Rio de Janeiro, petroleiros protestaram em vias públicas do município, cortando o fluxo de automóveis.

Em São Paulo, trabalhadores da Sabesp, companhia pública estadual responsável pelo serviço de saneamento, também interromperam suas atividades em 30 unidades nesta manhã.

Além dos citados, houve mobilizações em municípios de outros estados: Alagoas, Amazonas, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Paraná, Paraíba e Rio Grande do Norte - além de Brasília (DF).

Edição: Camila Rodrigues da Silva

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