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Política do retrocesso está preocupada com eleição presidencial de 2018

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Temer cumpre o projeto, mas pode ser descartado depois de colocar em prática ações desgastantes em termos de popularidade.
Temer cumpre o projeto, mas pode ser descartado depois de colocar em prática ações desgastantes em termos de popularidade. - Reprodução
O esquema de dominação está se precavendo para evitar uma derrota nas urnas

No Paraguai, o Tribunal da Justiça Eleitoral informou ao ex-Presidente Fernando Lugo que ele não pode apresentar-se como candidato à Presidência da República nas próximas eleições. Na justificativa, segundo informa a Telesur, o presidente do órgão, Manuel Pichardo revela que o impedimento se insere no contexto do chamado Plano Atlanta, uma conspiração continental que persegue os líderes progressistas e de esquerda na América Latina que estejam no governo ou na oposição.

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No vizinho país, o impedimento não deixa dúvidas. Lugo, segundo as pesquisas, está bem contado para voltar a ser Presidente, posto que já ocupou, mas foi retirado pelo Parlamento em 2012, em um golpe nos moldes do ocorrido em Honduras e agora no Brasil. Ou seja, o mundo político paraguaio não quer correr riscos, daí a comunicação da Justiça Eleitoral.

Em outros países, como o Brasil, por exemplo, os métodos têm sido diferentes. O possível candidato Luis Inácio Lula da Silva é apresentado diariamente pela mídia comercial conservadora como um político corrupto, divulgada pela Operação Lava Jato, mesmo que as acusações apresentadas não sejam comprovadas.
A mídia comercial conservadora realmente completa o quadro ao divulgar informações dando conta que antes mesmo de ser julgado o réu Lula já é culpado. Ultimamente tem se falado muito em vazamento de informações na Lava Jato, o que já acontecia quando as investigações indicavam o próprio Lula ou ainda militantes do Partido dos Trabalhadores.

Quando isso acontecia, poucas vozes de protesto apareciam na mídia comercial conservadora. Mas a partir do momento que os vazamentos passaram a apontar políticos vinculados ao atual governo ilegítimo comandado por Michel Temer, e o próprio Temer, vozes de protestos passaram a ser divulgadas com destaque pelos meios de comunicação comerciais conservadores. Teve até Ministro do STF que aventou a possibilidade de anular as atuais delações que foram vazadas.

O Paraguai, como se observa na notícia divulgada pela Telesur, decidiu não esconder o jogo com subterfúgios, indo direto aos motivos reais da proibição da candidatura de Lugo. Mas por aqui ao que tudo indica as justificativas são diferentes, mas claras.

Coincidência ou não, toda vez que se divulga uma pesquisa apontando Lula como forte candidato à eleição presidencial de 2018, surge nova denúncia sobre suposta prática corrupta do político que governou o Brasil por dois mandatos.

É possível que até outubro de 2018 muita água role debaixo da ponte, mas o esquema de dominação visivelmente está se precavendo para evitar o que eles não querem, ou seja, a derrota nas urnas de sua linha de ação que o presidente golpista Michel Temer está colocando em prática, haja vista a tal PEC que congela por 20 anos os gastos públicos do Estado brasileiro, a reforma da Previdência, ainda não aprovada, e outras como a trabalhista, sempre em conformidade com os interesses dos que conseguiram colocar na chefia do governo Michel Temer, um político medíocre, que jamais chegaria a ocupar o posto de presidente através do voto popular.

O Brasil visivelmente vive em tempo de retrocesso sem tamanho, mas a mídia comercial conservadora prefere dar apoio a todas as medidas que provocam graves retrocessos em conquistas sociais anteriormente conquistadas através de muita luta e mobilização por parte dos trabalhadores.

Na verdade, as classes dominantes destas bandas preferem evitar que as justificativas para brecar esta ou aquela candidatura progressista e de esquerda repita o que foi apresentado no Paraguai com o chamado Plano Atlanta. O melhor é afirmar pura e simplesmente que o referido plano no Brasil é adotado de outra forma, mas em essência é o mesmo.

No Brasil, as justificativas para atos discricionários aparecem com denominações distintas. Foi o que aconteceu ao longo da história, sendo o mais recente exemplo não só o golpe empresarial militar de abril de 1964, denominado pelos seus feitores como “revolução”. O próprio recente golpe midiático-parlamentar-judicial que colocou Temer na Presidência não foi mencionado como golpe, mas simplesmente como algo constitucional.

Resta saber se ocorrer realmente um golpe dentro de um golpe, que será uma eleição indireta para a indicação de um substituto para Temer, como a mudança de comando será denominada? Uma mudança que em essência não mudará o projeto econômico em andamento. Temer cumpre o projeto, mas pode ser descartado, como um bagaço de laranja, depois de colocar em prática ações desgastantes em termos de popularidade. Mas como para Temer chegar aonde chegou representa um lucro político que não contava em circunstâncias normais, ele se presta com afinco a prestar o papel que está desempenhando.

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