Coluna

Sérgio Cabral se forjou na oposição ao ex-governador Leonel Brizola

Imagem de perfil do Colunistaesd
Então presidente da Alerj, Cabral contou com o apoio da mídia conservadora para investir contra o ex-governador Brizola
Então presidente da Alerj, Cabral contou com o apoio da mídia conservadora para investir contra o ex-governador Brizola - Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil
O furor antibrizolista entre os apoiadores de Cabral era de causar espécie

O gangsterismo na política brasileira é um fato que se tornou rotineiro. Em outros tempos os paulistas consagraram Ademar de Barros, posteriormente Paulo Maluf, que nos últimos tempos saiu de circulação, e assim sucessivamente.

Com Ademar era o tempo do “rouba, mas faz” e o seu cofre que se encontrava em poder de uma amante residente no bairro carioca de Santa Teresa acabou sendo expropriado por um grupo guerrilheiro. Mas essas histórias pertencem ao passado, até porque no dias de hoje os gangsteres envolvidos atacaram o dinheiro do Estado em volumes assustadores, ou seja, retirando dos cofres públicos quantias que poderiam ser investidas na melhoria de qualidade de vida e muito maiores dos que os antigos gangsteres aqui mencionados.

Chegamos, portanto, aos tempos do ex-governador Sérgio Cabral, que já agia chantageando quem encontrava pela frente, quando era deputado estadual, inicialmente filiado ao PSDB e em seguida bandeando-se para o PMDB, o que, trocando em miúdos, não faz tanta diferença.

Como deputado estadual galgou ao posto de presidente da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), tempo em que aumentou substancialmente suas contas bancárias, agora reveladas.

Naquela época, Sérgio Cabral tinha total e absoluto apoio da mídia comercial conservadora, que contava com o político picareta para investir contra o governador Leonel Brizola. Chegou ao ponto de Cabral tentar de todas as formas impedir a aprovação das contas do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Esta parte da história não é contada pelos então aliados do meliante Sérgio Cabral e que hoje procuram disfarçar investindo contra o cachorro morto de Bangu.

O furor antibrizolista entre os apoiadores de Cabral era de causar espécie. Toda máquina de propaganda desse setor estava voltado para queimar o governador Brizola e enfraquecer os seus núcleos partidários, sobretudo na zona oeste.

No tempo em que um tal de Moreira Franco governou o Estado do Rio de Janeiro, tudo se fazia para evitar que Brizola se fortalecesse para vir a disputar a Presidência da República. Moreira, que ficou sendo também conhecido como gato angorá, investiu furiosamente contra os CIEPS, desmontando-os, o que seria uma experiência, se não sofresse solução de continuidade, e reduziria substancialmente os índices de marginalidade na região, pois daria condições dos jovens a se inserirem na sociedade. Essa era a proposta de Darci Ribeiro, abortada pelo esquema PSDB-PMDB.

Depois vieram os tempos do governador Marcelo Alencar, que deu continuidade, desta vez via PSDB, à fúria antibrizolista. Marcelo, hoje lembrado através da denominação de um túnel, seguiu os passos de Moreira Franco, retomado posteriormente pelo ex-governador Sérgio Cabral, hoje defenestrado e preso em Bangu, com milhões de dólares acumulados produtos de propinas, cujo volume é assustador e revela que o político contava com a impunidade e se julgava acima do bem e do mal.

A propósito de propinas, o pagador a Sérgio Cabral, Eike Batista voltou ao Brasil e foi conduzido para o presídio Ary Franco. Resta agora acompanhar o que vem por aí em matéria de delação premiada, se de fato acontecer. Até porque o empresário deve ter muitas histórias não reveladas que os brasileiros gostariam de conhecer.

Também se aguarda o conhecimento das delações premiadas de 77 ex-executivos da Odebrecht, já homologadas pela Ministra Carmen Lúcia, atual presidenta do Supremo Tribunal Federal (STF). Aguarda-se também a indicação do novo Ministro do STF que ocupará o lugar de Teori Zavascki. Mas convenhamos, ser indicado pelo usurpador Michel Temer não é nada abonador, sobretudo pelo fato do Presidente golpista provavelmente sendo citado pelos delatores premiados da Odebrecht.

Resta também aguardar quando as tais delações deixarão de ser sigilosas, como decidiu Carmen Lúcia.

Mário Augusto Jakobskindi é jornalista, integra o Conselho Editorial do Brasil de Fato-RJ, escritor, autor, entre outros livros de Parla - As entrevistas que ainda não foram feitas; Cuba, apesar do Bloqueio; Líbia - Barrados na Fronteira e Iugoslávia - Laboratório de uma nova ordem mundial. 

Edição: ---