Minas Gerais

MEDICINA NATURAL

Hora do chá

Além de saborosas, as ervas podem ser uma ótima opção para curar desconfortos e auxiliar tratamentos de doenças

Belo Horizonte |
Costume milenar pode ajudar na saúde, se seguido com disciplina
Costume milenar pode ajudar na saúde, se seguido com disciplina - Reprodução

Eles podem servir para aliviar azia, indisposição, inflamações na pele, TPM, queda de cabelo, depressão, gases, dor de cabeça e mais uma infinidade de problemas. Com receitas que sobrevivem há gerações, os chás estão presentes na cultura popular brasileira e fazem muito bem à saúde se tomados com disciplina. Quem explica é a jovem Natalia Souza, dona de uma pequena empresa especializada em ervas medicinais e produtos naturais chamada Gaia.

Influenciada pelas benzedeiras e raizeiras, Natalia, que trabalhava na área de tecnologia da informação, decidiu largar o emprego para se dedicar ao poder das plantas quando se viu com crises graves de ansiedade. E foi por sentir os benefícios dos chás em seu próprio corpo que ela decidiu fazer disso uma profissão. 

“Quem quer a ajuda das ervas medicinais deve usá-las de forma eficaz. Por exemplo, se você precisa de mais ânimo, é indicado consumir a bebida no café da manhã e depois do almoço. Já se você precisa se acalmar, ter uma noite tranquila, o melhor é tomar no fim da tarde ou antes de dormir”, explica. Os efeitos mais efetivos são sentidos a longo prazo, por isso é indispensável estabelecer a rotina de consumo no dia a dia, dependendo do resultado desejado.

Mil e uma utilidades

Na Gaia, são utilizados 50 tipos de ervas e 15 misturas de chás. O Chá da Lua, por exemplo, que leva calêndula, mentrasto e camomila, deve ser consumido durante o período menstrual e auxilia no controle das cólicas, TPM e limpeza do útero. Também tem o afrodisíaco, ideal para aqueles que querem apimentar a relação ou simplesmente adoram um toque a mais de energia. Ele leva catuaba, ginseng e marapuama, atua na circulação e aumenta a sensibilidade da pele. E quando algo não cai bem no almoço, por que não substituir aquela pausa para o café pela pausa pelo chá? Para a ocasião, Natalia indica o mix de espinheira santa, melissa e capim limão, que diminuem os incômodos da gastrite, úlcera e atuam como calmantes para o estômago. 

Quem também é adepta dos chás é a pedagoga recém-formada Daniela Cardoso, de 25 anos, que leva durante toda a semana sua garrafa térmica para o trabalho, uma escola na cidade de Nova Lima, região metropolitana de BH. Ela conta que aprendeu com a avó, Dalva, que para qualquer mal-estar tinha uma receitinha “tiro e queda”. “Tomo porque acho gostoso, hidrata e acabei pegando isso de tomar como remédio. É interessante que quase nunca fico doente. Eu adoro o chá de erva cidreira, é ótimo para dor de cabeça”, declara.

Natalia também chama a atenção para outra vantagem das plantas: o preço. Cada combinação de chazinho vendido por ela tem o valor de R$ 5. “É importante que as pessoas voltem a saber se curar com a natureza, ter em mente que existe essa opção, e evitem o uso abusivo de medicamentos químicos. Esse costume também pode ser moderno”, avalia.

Origem do chá

Segundo uma lenda chinesa, o chá foi descoberto por acaso, pelo personagem mítico Shennong, conhecido como o pai antigo da agricultura. Conta a história que em uma tarde de outono, Shennong aquecia água enquanto descansava embaixo de uma árvore. As folhas secas da árvore caíram na água fervendo, criando a primeira infusão da folha do chá. Intrigado pela fragrância, ele tomou um gole e achou refrescante.

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