Jornada de Luta

Mais de duas mil mulheres do MST ocupam Usina e Incra na Bahia

Ações servem para denunciar a paralisação da reforma agrária e o desmonte da Previdência

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Ocupação da Usina Santa Maria, Medeiros Neto, por mais de mil mulheres do MST
Ocupação da Usina Santa Maria, Medeiros Neto, por mais de mil mulheres do MST - Setor de Comunicação do MST

Mais de duas mil mulheres do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) do estado da Bahia realizaram duas ações na manhã desta segunda-feira (6) para marcar o início da Jornada Nacional de Luta das Mulheres Sem Terra.

Em Salvador, cerca de mil trabalhadoras rurais ocuparam o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), enquanto outras mil ocuparam a Usina Santa Maria, no município de Medeiros Neto, no extremo sul do estado.

Segundo Elizabeth Rocha, da direção nacional do MST, as sem-terra se somam às diversas mobilizações que acontecem esta semana em todo o Brasil, em torno do dia 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres.

Além das pautas específicas em relação à reforma agrária, como a exigência de vistorias de novas áreas para assentar famílias acampadas, o destravamento do fomento mulher – voltado à implantação de projetos produtivos sob a responsabilidade das titulares dos lotes da reforma agrária – e pelo fim do bloqueio do Tribunal de Contas da União (TCU), que tornou irregular o cadastro de 578 mil pessoas já assentadas em abril de 2016, as mulheres do MST também lutam para denunciar o desmonte da Previdência proposto pelo governo não eleito de Michel Temer.

Para Rocha, as mulheres do campo seriam altamente afetadas com as alterações propostas pelo atual governo, que extinguiria a figura jurídica de segurado especial, que garante aposentadoria de um salário mínimo para os homens aos 60 anos e para as mulheres aos 55 anos, com a comprovação de atividade agrícola por no mínimo 15 anos. Com a reforma, os agricultores seriam obrigadas a ingressarem no sistema do INSS, com pagamento mensal em dinheiro por 25 anos, para ter acesso à aposentadoria aos 65 anos.

“Temos que ir para o enfrentamento com esse governo, porque ele não tem nada a oferecer para a Reforma Agrária a não ser cortar direitos conquistados, desde créditos agrícolas, programas sociais e impedir que novas famílias sejam assentadas”, explica.

Para a coordenadora do MST, este é apenas o começo da mobilização das mulheres sem-terra por todo o país, que estarão em luta até o próximo dia 10 de março. Na quarta-feira (8), as mulheres que ocupam o Incra se somarão ao ato do dia 8 de março, na Praça da Inglaterra, às 14h.

Edição: José Eduardo Bernades