Coluna

De Dória a Temer, ou seja, de pirotecnia à enganação absoluta

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João Dória, está em Nova York para receber troféu de “homem do ano”
João Dória, está em Nova York para receber troféu de “homem do ano” - Rovena Rosa/ Agência Brasil
Dória, que vive de pirotecnia, está sendo cultuado pelo PSDB

O ex-presidente da Embratur e atual prefeito de São Paulo, João Dória, está em Nova York para receber troféu de “homem do ano” e para tanto levou amigos e acionou a mídia conservadora para repercutir o que acontecerá nesta terça-feira (16) e ainda divulgar suas declarações óbvias contra o ex-presidente Lula da Silva. Também tem a missão de oferecer São Paulo a investidores.

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Dória sabe que tem espaço garantido na mídia conservadora e aproveita o embalo de Nova York que causa furor em alguns setores amplamente colonizados.

Dória, que vive de pirotecnia, está sendo cultuado pelo PSDB como reserva política para uma eventual eleição presidencial em outubro de 2018 no caso dos eternos candidatos Geraldo Alckmin, José Serra e Aécio Neves ou forem enquadrados em inquéritos como réus ou estejam mal nas pesquisas, como indicam as atuais consultas populares de alguns institutos.

Nesse sentido é visível o jogo da mídia comercial conservadora no sentido de permitir amplos espaços a Dória, sobretudo em seus pronunciamentos contra Lula da Silva. Se alguém tinha dúvidas sobre o atual fenômeno midiático, basta acompanhar as suas recentes declarações cada vez mais próximas do bode na sala Jair Bolsonaro.

Dória já se declara favorável a escola sem partidos, uma armação da direita para policiar as escolas e professores que debatem com os alunos a atualidade e momentos históricos no mundo e Brasil. Defensores como Dória do projeto querem afastar qualquer possibilidade de a escola ser palco de formação da cidadania. Os Bolsonaros e os Dórias querem que os alunos se tornem mão de obra para o mercado, onde parlamentares defensores de tais medidas conseguem apoios financeiros de empresários que serão retribuídos durante os mandatos.

Quem porventura tenha dúvidas desse mecanismo deve acompanhar o desenrolar dos acontecimentos, seja na área parlamentar, do Judiciário e do Executivo para ver o que vem por aí em matéria de tentativas de retrocesso.

O atual ocupante indevido do Palácio do Planalto concede diariamente entrevistas e o seu governo contempla cada vez mais a mídia comercial conservadora com publicidade destinada a enganar a opinião pública para o apoio de reformas que caso sejam aprovadas retrocederão o país em muitas décadas.

Temer veio para isso e está lutando com todas as suas forças para que os retrocessos sejam aprovados. Para tanto, a convocação de entrevistas do gênero convescote fazem parte do esquema para enganar os incautos. No Congresso encontra aliados incondicionais como o patético presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, defensor da prorrogação do mandato do usurpador até 2020.

Prestem atenção, em sua mais recente entrevista Temer declarou que pretende cumprir o seu mandato até 31 de dezembro de 2018, mas nunca se sabe, porque golpistas como ele começam declarando que não apoiam prorrogação de mandato, mas na hora em que for decidido o contrário é o primeiro a aceitar com muito prazer, obrigado.

Foi assim, vale sempre repetir, com o primeiro general golpista de 1964, Humberto de Alencar Castelo Branco, que na hora agá aceitou de bom grado ficar mais tempo como ocupante do governo.

Ao mesmo tempo em que tudo isso acontece, o governo ilegítimo e golpista de Michel Temer segue se esforçando ao máximo no sentido de o Congresso submisso aprovar imediatamente as reformas. Temer está consciente ser isso necessário, até porque ganhou o mandato para fazer exatamente o que está fazendo, sem recuos ou atrasos de nenhuma espécie.

Por essas e algumas outras a mídia comercial conservadora vai acionar as baterias para que não haja problemas na hora da votação final no Congresso do que o governo golpista considera como reformas.

* Mário Augusto Jakobskind é jornalista, integra o Conselho Editorial do Brasil de Fato no Rio de Janeiro, escritor e autor, entre outros livros, de Parla - As entrevistas que ainda não foram feitas; Cuba, apesar do Bloqueio; Líbia - Barrados na Fronteira e Iugoslávia - Laboratório de uma nova ordem mundial.

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