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Por que é importante ter eleições diretas no Brasil neste momento?

Ronaldo Pagotto, advogado do Consulta Popular fala sobre o assunto

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Manifestação Fora Temer na Avenida Paulista
Manifestação Fora Temer na Avenida Paulista - Rovena Rosa/Agência Brasil
Ronaldo Pagotto, advogado do Consulta Popular fala sobre o assunto

Artistas, produtores culturais e movimentos populares realizaram no último domingo (4) um ato político com shows no Largo da Batata, na zona oeste da capital paulista, para pedir a saída do presidente Michel Temer e a convocação de eleições diretas.

Participaram do protesto cerca de cem mil pessoas. Entre os artistas que se apresentaram estão o rapper Emicida, o sambista Péricles, os cantores Maria Gadú, Tulipa Ruiz, Otto, Edgard Scandurra, Pitty, entre outros. Segundo pesquisa divulgada pela Central Única dos Trabalhadores, na última segunda-feira (5), 9 em cada 10 brasileiros querem eleições "Diretas Já" para presidente. A cassação de Temer é o desejo de 85% dos entrevistados e 89% querem escolher novo presidente por meio de eleições diretas.

A população ainda tem dúvidas sobre como seria o processo. É o caso de Luzinete Reis, moradora da zona leste e trabalha na área de educação. "Às vezes as crianças perguntam algumas coisas e a gente não sabe, porque tudo que passa na mídia é muito vago. Eu gostaria de saber, o Temer saindo, como seria essas eleições diretas?"

No quadro 'Fala aí' desta semana, Ronaldo Pagotto, advogado do Consulta Popular responde a questão:

"A ‘Diretas Já’ está prevista na Constituição, e tem previsão legal em outras normas também. Mas, do que diz respeito a legislação, o Brasil vive uma crise política profunda.

Uma crise política em parte, porque ano passado o povo brasileiro sofreu um golpe, um golpe do estado e os agentes que perpetraram esse golpe, eles fizeram isso em nome de uma defesa lei, contra pedalada e até mesmo contra a corrupção eles chegaram a dizer.

Mas são os mais corruptos, que mais estão envolvidos em acusações de corrupção, casos gritantes que estão aos olhos de toda a sociedade. E essa crise não é só do governo, é do parlamento também.

Então o povo que é quem tem que decidir quem vai governar o próximo período. Por isso, que não dá pra ser eleição indireta, não pode ser definido pelo parlamento. Tem que ser definido por voto direto, voto seu, voto meu, voto dos 140 milhões de eleitores do país. Só reestabelecendo a democracia de eleição direta é que nós conseguiremos enfrentar essa crise política, essa crise institucional e retomar os rumos da democracia no país."

Edição: Anelize Moreira