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Travessuras de férias à moda antiga

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No Dia Mundial do Brincar, em 28 de maio, crianças aproveitam brincadeiras ao ar livre em Brasília
No Dia Mundial do Brincar, em 28 de maio, crianças aproveitam brincadeiras ao ar livre em Brasília - Marcelo Camargo/ABr
No meu tempo, a gente era mais livre, vivia nas ruas e nas roças

Férias! Eba!

Hoje em dia tem muitas crianças que gostam de ir à escola e ficam doidas pra que as férias acabem e elas voltem às aulas. Acho que é porque só na escola é que elas encontram e brincam com outras crianças.

Em casa, só convivem com adultos.

No meu tempo, a gente era mais livre, vivia nas ruas e nas roças, convivendo muito com outras crianças. E não gostávamos de ir à aula, não víamos a hora da chegada das férias.

Só conheci duas crianças que ficavam meio com a pulga atrás da orelha quando as férias se aproximavam. Eram a Silvinha e o Roberto.

É que duas tias deles, que achavam muito chatas, Filomena e Florisbela, passavam todas as férias no sítio em que moravam. Levavam muitos livros didáticos para os sobrinhos, o que era bom, mas tinha um problema: exigiam que lessem logo. 

Era o dia todo falando “leiam isso, estudem aquilo”. E o que a Silvinha e o Roberto queriam era pescar, nadar no córrego, brincar muito, mas não podiam.

A casa do sítio ficava a uns trinta metros da porteira na beira da estrada. O pai dessas crianças, seu Zé, viu uma coisa num filme e gostou: um sino colocado ao lado da porteira, para as visitas anunciarem sua chegada.

Bobagem. Ninguém tocava o tal sino. Abriam a porteira e entravam.

Mas essas senhoras, Filomena e a Florisbela, eram exceção. Formais, elas tocavam o sino e ficavam esperando alguém ir abrir a porteira para elas. 

Numa tarde de junho, as crianças viram uma grande casa de marimbondos se formar no mourão da porteira e tiveram uma ideia.

A Silvinha tocou o sino várias vezes, o Roberto jogou uma pedra na casa de marimbondos e os dois saíram correndo.

No dia seguinte fizeram a mesma coisa. E continuaram fazendo até o final do mês, todas as tardes.

Dia primeiro de julho, as crianças estavam no alpendre da casa e viram parar um ônibus em frente à porteira. Dele, desceram a Filomena e a Florisbela.

Filomena tocou o sino e foi como um sinal para os marimbondos, que saíram furiosos. Cheias de ferroadas, as tias voltaram para a cidade, tiveram que ser levadas às pressas, de carro. E ficaram por lá. 

Apesar da surra que levaram, a Silvinha e o Roberto acharam ótimas aquelas férias.
 

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