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Festivale celebra 34 anos de cultura popular no Vale do Jequitinhonha (MG)

De 23 a 29 de julho, a cidade de Felício dos Santos recebe 10 mil pessoas

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |

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São esperadas mais de 10 mil visitantes para a festa
São esperadas mais de 10 mil visitantes para a festa - Divulgação

Em sua 34° edição, o Festival de Cultura Popular do Vale do Jequitinhonha (Festivale) chega à cidade de Felício dos Santos, no Alto Jequitinhonha. São esperadas mais de 10 mil visitantes para a festa, que acontece na próxima semana, de 23 a 29 de julho. Mais de 500 pessoas, entre artistas, artesãos e oficineiros vão se apresentar durante o evento. Na programação, oficinas, feira de artesanato e concursos, como o de poesia e o Festival da Canção.

Além da programação fixa, a barraca do Festivale tem se tornado atração nas últimas edições. No espaço, um palco aberto para quem quiser se apresentar.

O festival surgiu em 1980 e, desde então, só não foi realizado três vezes. O evento surgiu a partir da iniciativa de três estudantes universitários da região, que pretendiam mostrar a riqueza do vale, para além de dados econômicos. Na época, a região foi apontada pela Organização das Nações Unidas (ONU) como uma das mais pobres de Minas Gerais.

Para Ernandes Silva, um dos organizadores, o Festivale traz em sua origem uma cultura de resistência. "O festival nasceu em um contexto de negação de direitos e estamos num momento de ameaça de perda dos nossos direitos. Portanto, é preciso garantir e discutir a nossa resistência através da cultura popular, que tem um papel artístico e também social", pontua.

Boi de Janeiro

Seguindo o percurso do rio, a cada ano o Festivale passa por uma cidade da bacia do Jequitinhonha. Vários municípios já receberam o evento, mas  a nascente do festival é a cidade de Itaobim. E é de lá que vem uma das atrações da festa: o "Boi de Janeiro e Nega Maluca de Maria Trovão". Há 65 anos, o grupo resgata a cultura popular de Itaobim e atualmente conta com 45 participantes, com idades entre 6 e 90 anos. O coletivo leva o nome de uma moradora da cidade, a Maria de Trovão, que todo ano acompanhava a folia.

Maria Efigênia Costa, de 65 anos, acompanhava as apresentações do boi desde a época de Maria de Trovão. Hoje à frente do grupo, a mestra afirma que mais do que uma atração cultural, o Boi faz parte da sua vida. "Eu vejo que quando o Boi está rua, as pessoas esquecem dos problemas do dia a dia e vivem aquele momento. A melhor coisa é quando a gente vê a nossa cultura sendo valorizada", defende.

Onde fica

No Alto Jequitinhonha e localizada a 207 quilômetros da capital mineira, Belo Horizonte, Felício dos Santos é um dos municípios que compõem a Estrada Real. Hoje, a cidade conta com uma população de 5 mil habitantes. Além da diversidade cultural, uma das principais atrações do município são as águas termais.

Edição: Joana Tavares