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Feira agroecológica em Belém fortalece grupos de mulheres do Baixo Tocantins

Movimento populares e organizações se articulam para construir uma feira regional que atenda o pequeno agricultor

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A feira agroecológica foi uma iniciativa das mulheres agricultoras para conquistarem autonomia econômica e política
A feira agroecológica foi uma iniciativa das mulheres agricultoras para conquistarem autonomia econômica e política - Marquinho Mota
Movimento populares e organizações se articulam para construir uma feira regional que atenda o pequeno agricultor

Mulheres de comunidades quilombolas, ribeirinhas e agroextrativistas de municípios localizados na região do baixo Tocantins trazem dos seus quintas e roças produtos livres de agrotóxicos para serem vendidos na Feira Agroecológica em Belém.São verduras, frutas e derivados da mandioca, como a farinha, a goma e os biscoitos chamados de beiju, tudo isso produzido em integração com a floresta.

Jaqueline Felipe dos Santos é educadora popular na Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase). Ela explica que a feira nasceu da iniciativa de grupos de mulheres acompanhadas pela entidade e que pertencem a comunidades localizadas nos municípios de Santo Antônio do Tauá, Igarapé-mirim e Abaetetuba, cidades que integram a região denominada de Baixo Tocantins no estado do Pará. A educadora popular ainda destaca a importância da formação em redes.

“Então hoje, em Belém, tem a feira orgânica, a feira da universidade, da Fetagri [Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Pará], do MST [Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra] e tem essa feira com os produtos da agricultura familiar que a Fase acompanha no interior do Pará. Com esse número de feiras, acabou sendo criado um diálogo entre essas diversas instituições e hoje essa feira agroecológica ela está se tornando um caráter mais regional”, completa.

Os desmontes nas políticas públicas e a falta de investimentos para a agricultura familiar no atual governo golpista de Michel Temer, somados aos desafios logísticos dentro da realidade do estado, são alguns dos desafios para o pequeno produtor local. Benedita Gonçalves de 48 anos mora na comunidade de Camiri no município de Igarapé-miri, distante 140 quilômetros da capital paraense e cita alguns dos entraves enfrentados.

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“A gente enfrenta, por exemplo, a barreira da legalização do produto para apresentar no mercado, a logística de trazer de lá da comunidade, com os ramais, com as estradas que são de péssima qualidade… E a gente enfrenta também os desafios da questão da rotulação para apresentar o produto no mercado”.

A feira Agroecológica, organizada pela Fase, vai completar dois anos e é realizada uma vez por mês na capital paraense. Santos afirma que a feira é uma das estratégias para que as mulheres conquistem sua autonomia econômica. No campo político elas também estão inseridas e participam dos debates da Articulação Nacional de Agroecologia da Amazônia (ANA), que está mobilizando o  seminário regional e a caravana, ambos de caráter preparatórios para o IV Encontro Nacional de Agroecologia (ENA) que será em Belo Horizonte. O pré-ENA em Belém será realizado no período de 22 a 24 de fevereiro e serão discutidas políticas públicas para a agricultura familiar, comercialização e produção orgânica.

Edição: Vanessa Martina Silva