Saúde

Organizações pressionam países dos Brics a se empenharem no combate a tuberculose

Brasil possui média de 33,7 casos a cada 100 mil habitantes e está entre nações com maior incidência

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O Brasil é um dos países com maior incidência: uma média de 33,7 casos a cada 100 mil habitantes, sendo que o preconizado pela O
O Brasil é um dos países com maior incidência: uma média de 33,7 casos a cada 100 mil habitantes, sendo que o preconizado pela O - Portal EBC

Parece um mal do século XIX, mas a tuberculose ainda é doença infecciosa que mais mata no mundo. E provocou 1,7 milhão mortes no ano passado. O Brasil está entre os 30 países com maior incidência, com uma média de 33,7 casos a cada 100 mil habitantes, sendo que o preconizado pela Organização Mundial da Saúde é apenas cinco.

Os Médicos Sem Fronteiras querem pressionar os participantes do 1º Encontro Global de Ministros da Saúde, que acontece no próximo dia 16 em Moscou, a se comprometerem com políticas mais efetivas de controle da tuberculose.

Para isso, a organização lançou um abaixo-assinado, divulgado com uma intervenção artística no Rio de Janeiro. O infectologista Rafael Sacramento explica que desde 2013, o Brasil, junto com os outros países dos Brics colocaram a tuberculose em suas agendas prioritárias, mas muita coisa que deveria ter sido feita não foi: 

"Facilitar o diagnóstico da doença, melhorar o acesso ao tratamento e garantir que as novas tecnologias, isso incluindo novos medicamentos, eles sejam adotados nesses países com mais rapidez e agilidade. Porque se a pessoa tem uma tuberculose que não é resistente, se ele faz o tratamento corretamente por seis meses, a porcentagem de cura é próximo de 100%. Se ele não trata bem ou se tem resistência, é que ele precisa das medicações de segunda e terceira linha."

Junto com outras organizações, os Médicos Sem Fronteiras também pedem para que os governos reconheçam a tuberculose como uma urgência sanitária e acelerem a liberação de dois novos medicamentos: a bedaquilina e delamanida para uso geral. De acordo com Sacramento, eles já são utilizados de maneira controlada, com resultados positivos e seguros há seis anos e são essenciais, principalmente, para quem foi infectado por uma forma resistente da bactéria.

"A verdade é que a gente não tem drogas realmente efetivas desde meados da década de 1960 e muitas pessoas com urgência para usar medicações, porque o tratamento básico já não funciona mais, estão morrendo porque essa medicações estão na lista de medicamentos que os médicos podem prescrever com liberdade. 95% dos casos de tuberculose hoje no mundo estão acometendo pessoas pobres ou em regiões muito pobres. Então, a gente reconhece que o interesse da indústria farmacêutica de arriscar, de tentar e de estimular os governos a usarem essas drogas não é tão intenso quanto para outras doenças", diz.

O representante da organização ressalta ainda que a situação é pior no Rio de Janeiro, onde a taxa de prevalência chega a 68 casos para cada 100 mil habitantes, 13 vezes mais do que o recomendado. E isso é devido ao adensamento populacional, a grande circulação da bactéria e ao fato de que muitos pacientes não se sentem acolhidos nos serviços de saúde para continuar o tratamento de seis meses. 

Outro grande foco de infecção são os presídios onde todos esses fatores se agravam com o descaso. 

 

Edição: Radioagência Nacional