Coluna

Divulgar acusação sem provas e direito de resposta não é liberdade de imprensa

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Sem prova alguma, fica claro que o objetivo do noticiário foi o de apenas incriminar para os incautos o ex-ministro Guido Mantega
Sem prova alguma, fica claro que o objetivo do noticiário foi o de apenas incriminar para os incautos o ex-ministro Guido Mantega - Fabio Rodrigues Pozzebom / Agência Brasil
Edição do Jornal Nacional divulgou vídeo de delação contra Mantega

Não bastasse o linchamento midiático, policial e judicial que culminou com o suicido do então reitor da UFSC Luís Carlos Cancellier, a Rede Globo segue adotando o mesmo tipo de política que acusa sem provas e divulga delações premiadas com exclusividade. Foi o que aconteceu na edição do Jornal Nacional (30/11), que divulgou com exclusividade vídeo da delação premiada contra o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega.

Sem prova alguma, fica claro que o objetivo do noticiário foi o de apenas incriminar para os incautos o ex-ministro. Para a Globo pouco importa se o que foi dito tem prova ou não. O objetivo é exatamente queimar a imagem do acusado. E se a acuação não prosperar, ou seja, o acusado comprovar que a denúncia é falsa, como já aconteceu várias vezes, a Globo simplesmente ignora e os telespectadores ficam apenas coma versão mentirosa.

Mas sobre as graves acusações de pagamento de propina por parte da Globo, simplesmente o noticiário repete que “investigações internas comprovam que a emissora não realiza tal procedimento”. E assim segue a Rede Globo manipulando informação sem que nada aconteça.

E ao mesmo tempo que isso acontecia, o mesmo canal concedido à família Marinho ignorava solenemente depoimento de Tacla Duran acusando o juiz Sérgio Moro de se locupletar com delações premiadas. E os editores a todo momento insistem em dizer que a emissora faz “jornalismo imparcial”.

Quando começaram as acusações contra o reitor Cancellier, os telejornalões  insistiam em incriminá-lo e ele, absolutamente sem provas,  passou a ser apresentado como responsável por atos de corrupção que ele não tinha nada a ver. Foi preso, humilhado e se suicidou. Os que o incriminaram seguem praticando o mesmo esquema.

Tanto a Rede Globo como demais telejornaões ao serem questionados respondem apenas que são “imparciais” e a “liberdade de imprensa precisa ser respeitada”. Precisa sim, não resta dúvida, mas só que  questionar a manipulação, sobretudo a grosseira, como os casos mencionados, não significa ir contra a liberdade de imprensa. Muito pelo contrário, pois o que está acontecendo no Jornal Nacional e demais telejornalões é exatamente atentatório à verdadeira liberdade de imprensa.

Uma pergunta que não quer calar: em qual país do mundo acusar sem provas e não dar oportunidade de defesa a qualquer acusado significa liberdade de imprensa? Não seria o caso de entidades defensoras da liberdade de imprensa se posicionarem sobre a questão aqui levantada?

O que não se pode admitir é se repetir impunemente acusações sem provas com o nítido objetivo de queimar a imagem da figura mencionada. Tal prática é condenável e não pode ser repetida seguidamente como vem acontecendo nestes tempos.

Edição: Brasil de Fato RJ