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Agrofloresta em Brasília é espaço de convivência e de produção de orgânicos

Iniciativa começou em 2014 e é mantida por voluntários do coletivo Re-ação

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Igor Aveline, geógrafo, foi o idealizador da agrofloresta em uma quadra da capital federal em 2014
Igor Aveline, geógrafo, foi o idealizador da agrofloresta em uma quadra da capital federal em 2014 - Cristiane Sampaio/BdF
Iniciativa começou em 2014 e é mantida por voluntários do coletivo Re-ação

No final de 2014, o geógrafo Igor Aveline teve a ideia de transformar um simples gramado urbano em um espaço de respiro e aconchego. Em meio ao concreto de Brasília, ele idealizou uma pequena agrofloresta, um sistema de plantio baseado no respeito à natureza e com produção de vegetais orgânicos. A iniciativa, segundo ele, é uma forma de dar vida a projetos sustentáveis, que confrontam a lógica do capital. 

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"A gente tem que consumir o que respeita a natureza. O consumo, quando você vai no supermercado e compra alguma coisa, é um investimento que você faz num modelo de produção."

O espaço abriga dezenas de espécies vegetais. Tem acerola, quiabo, limoeiro, berinjela, pimentão, flores comestíveis e até mesmo as chamadas Pancs, sigla para Plantas Alimentícias não Convencionais, espécies exóticas que estão à disposição para quem quiser chegar e experimentar. Tudo plantado com muito zelo por voluntários do coletivo Re-ação. O grupo, composto por ativistas, formou-se a partir da iniciativa do geógrafo Igor Aveline para fazer o projeto acontecer. 

O designer André Oliveira Morais, que reside no prédio vizinho à horta, é uma das pessoas que se engajaram nesse movimento. André conta que a família dele costuma frequentar hortas urbanas e ele se encantou pela proposta de construir uma agrofloresta ao lado de casa.

"Fazer uso do espaço público através da implementação de um projeto agroecológico promove uma maior integração da comunidade no geral. É a ressignificação do espaço."

Morador da quadra há 22 anos, o designer vai frequentemente ao local para apreciar o espaço e colher vegetais que são usados como temperos. 

"Isso tem uma valoração diferente, [no sentido] de consumir algo que foi produzido por você. Tem uma certa questão de você estar produzindo algo fora do mercado usual, de estar compartilhando."

O jornalista Elvio Gasparoto, que também mora nas proximidades, ainda não tem tanta intimidade com o local, mas reconhece o valor da iniciativa. 

"Eu passo aqui todo dia, acho bom. É legal você ver que tem uma horta aí – tem bananeira, mamão, várias frutas, mas as pessoas têm que participar, senão não funciona."

Seja para a satisfação dos vizinhos ou para o deleite de quem passa por ali, o fato é que a aglofloresta também serve de espaço de convivência. Uma característica que já estava nos planos dos criadores, como explica Igor Aveline. 

"A horta comunitária é como um convite, uma armadilha pra essas pessoas saírem das suas casas, se envolverem, conhecerem os vizinhos, partilharem desafios e construírem junto uma outra cidade."

O espaço tem cerca de 3 mil metros quadrados e fica na Asa Norte da capital federal. 

Edição: Camila Maciel