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Como é brincar carnaval em Recife e Olinda?

O que não falta é opção de festa e ritmo para pular o carnaval em Pernambuco

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Na música, a tradição na folia de momo preserva manifestações culturais datadas do período colonial
Na música, a tradição na folia de momo preserva manifestações culturais datadas do período colonial - Andréa Regô Barros/PCR
O que não falta é opção de festa e ritmo para pular o carnaval em Pernambuco

“E quando a festa ia se aproximando, como explicar a agitação íntima que me tomava? Como se enfim o mundo se abrisse de botão que era em grande rosa escarlate. Como se as ruas e praças do recife enfim explicassem para que tinham sido feitas. Como se vozes humanas enfim cantassem a capacidade de prazer que era secreta em mim. Carnaval era meu, meu.”

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O conto ‘restos de carnaval’ de Clarice Lispector traz a memória da escritora pela espera da festa e de ver os espaços públicos ocupados pelo povo, durante todo o carnaval. Ela morou em um sobrado na praça Maciel Pinheiro, local tradicional da folia, onde concentra saída de agremiações e blocos.

Os primeiros sinais dos festejos carnavalescos em Pernambuco sugiram ainda no século XVII, quando trabalhadores das companhias de carregadores de açúcar e de mercadorias se reuniam para a festa de reis, formando cortejos carregando caixões de madeira e improvisando cantigas em ritmo de marcha.

Mas foi dois séculos mais tarde que a festa se popularizou e tomou o formato conhecido atualmente. Mais precisamente no ano de 1870, as manifestações carnavalescas recifenses passaram a ser preferencialmente ao ar livre: nas ruas, praças, pontes e pátios de igrejas. Na música, a tradição na folia de momo preserva manifestações culturais datadas do período colonial como o Maracatu Nação, do século XIX, o Frevo, o Maracatu Rural e os Caboclinhos. Hoje o estado conta com centenas de blocos e agremiações que fazem a festa ser tão diversa e popular.

Olinda é a cidade que reúne o maior número de gente. No carnaval de 2017, a cidade recebeu 100 mil pessoas por dia, cerca de 2,3 milhões de visitantes. O professor universitário, Roberto Efrem Filho, traduz o que o carnaval significa para muitos dos foliões e foliãs de Pernambuco. “O carnaval de Recife e de Olinda é uma condição de existência. É como se não houvesse muita vida para além do carnaval do Recife e do carnaval de Olinda. Todo o resto da vida é como se fosse uma saudade do carnaval e daqueles dias do carnaval e que se pode realmente ser o que se é e ser o que viver o que se quer viver. É como se houvesse o carnaval e todo o resto fosse réstia de carnaval”, conta.

O galo da madrugada é o bloco mais famoso, muito em função da quantidade de gente que acompanha os trios – o que faz dele o maior bloco de rua do mundo. Além dele tem, o homem da meia noite, que tradicionalmente abre o carnaval de Olinda e desfila no sábado de zé pereira, o bloco eu acho é pouco que sai duas vezes no Carnaval – no sábado e na segunda -, o bloco da saudade que é um bloco lírico que desfila com muita beleza e organização.

O que não vai faltar é opção de festa e ritmo para brincar o carnaval em Pernambuco. Roberto Efrem dá dicas de como fazer isso da melhor forma possível. “O primeiro ponto de preparação para o carnaval está na alimentação. É preciso comer bem e levemente, todos os dias. O segundo é prevenção: camisinha na fantasia. Um outro é que não seja uma pessoa lost no carnaval: vista sua fantasia, coloque o seu adereço e vá para a concentração do bloco, conheça a programação do Carnaval, saiba onde os blocos concentram. E o mais importante, tem a ver com preconceito: Carnaval é para brincar sem preconceito e sem discriminação. O que significa sem machismo e sem racismos e sem LGBTfobia. É muito importante garantir o Carnaval sem violência.”, ressalta.

 

 

 

Edição: Monyse Ravenna