Paraná

Autonomia universitária

UFPR e outras universidades lançam disciplina sobre o golpe de 2016

Docentes da UFPR organizam curso de extensão com 120 vagas, aberto também ao público externo à universidade 

Brasil de Fato | Curitiba (PR) |
Professores e estudantes da Universidade Estadual de Londrina (UEL), do Norte do Paraná, criaram um grupo de estudo sobre o golpe
Professores e estudantes da Universidade Estadual de Londrina (UEL), do Norte do Paraná, criaram um grupo de estudo sobre o golpe - Antonio Cruz/ Agência Brasil

A Universidade Federal do Paraná (UFPR) está entre as instituições de ensino que vão ofertar disciplinas sobre o Golpe de 2016. As iniciativas começaram a se espalhar no início de semana, como resposta à reação negativa do ministro da Educação, Mendonça Filho, à oferta de disciplina sobre o golpe de 2016 na Universidade de Brasília (UnB). O ministro ameaçou investigar o curso "O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil", oferecido pelo professor Luís Felipe Miguel.  

Além da UFPR, a criação de cursos com o mesmo nome do ofertado pelo professor Miguel despontaram nas universidades Federais Bahia e do Amazonas, do Ceará, além das Estaduais da Paraíba e de Campinas, e da Universidade de São Paulo (USP).

Em Curitiba, a mobilização para a criação da disciplina começou na terça-feira (27) e já conta com a adesão de pelo menos 18 professores da Universidade Federal do Paraná. São docentes das áreas de Sociologia, História, Educação, Políticas Públicas, Direito, Letras e Saúde. Eles preparam um curso de extensão com 120 vagas, aberto também ao público externo à UFPR.

“O curso tratará desde a conjuntura política atual até a análise das decorrências de 2016, que desencadeia um processo de perda direitos sociais básicos da população brasileira”, conta a professora Monica Ribeiro, integrante do Observatório do Ensino Médio da UFPR e uma das mobilizadoras do curso de extensão. Ela explica que o programa do curso será baseado na disciplina oferecida pelo professor Luiz Miguel, da UnB.

Na avaliação de Monica Ribeiro, a iniciativa é “uma defesa da autonomia universitária agredida pelo Ministro da Educação, mas também uma forma de a Universidade contribuir para uma análise aprofundada da realidade brasileira atual”, além de contribuir para o diálogo com a comunidade externa.

Nos próximos dias, o grupo organizador irá definir o local e as datas do curso, em seguida iniciaram a divulgação de inscrições. A intenção dos docentes é começar as aulas em março. 

A Universidade Estadual de Londrina (UEL) também terá ações com o mesmo tema. Professores e alunos usaram a ementa e os textos base usados pela disciplina do professor da UnB para montar um grupo de estudos. A iniciativa é do Centro de Ciências Sociais Aplicados (CESA), com participação de estudantes de outros departamentos. Os estudos começam no dia 20 de março, com encontros todas as terças, às 17h.

Governo

As reações do ministro Mendonça Filho foram manifestadas na semana passada, por meio de seu perfil no Twitter. Ele disse que iria cobrar da Advocacia-Geral da União (AGU), do Tribunal de Contas da União (TCU) e do Ministério Público Federal (MPF) que apurassem sobre a conduta dos responsáveis pela criação da disciplina na UnB, sinalizando que poderia se tratar de um caso de improbidade administrativa. Para o ministro, a universidade estaria sendo usada para "fazer proselitismo político e ideológico".

Colaborou: Gabriel Pansardi Ruiz 

Edição: Franciele Petry Scharamm