Solução

Escritores criam editoras para “driblar” alto custo de livros

Serviço chega a sair pela metade do preço e oferece mais liberdade a autores

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Autores de à Revista Literária correram das grandes editoras não pelo preço, mas pela relação entre empresa e autor
Autores de à Revista Literária correram das grandes editoras não pelo preço, mas pela relação entre empresa e autor - Divulgação

Pode falar a verdade, você nunca pensou sobre isso, não é? Vemos livros nas bibliotecas e livrarias e não paramos para pensar em como eles foram parar ali. Quem escolhe os que serão publicados? Os escritores têm que pagar por isso? Um verdadeiro mistério.

Continua após publicidade

Os autores que possuem uma ideia de livro podem procurar diferentes formas de publicá-lo. A mais comum delas é encontrar uma editora, que é uma empresa com profissionais capazes de fazer todo o longo trabalho até que o livro esteja pronto. A editora recebe a ideia, lê, edita, prepara o texto, revisa, ilustra, diagrama e imprime. (Ufa!)

Os diferentes serviços

Há vários tipos de editoras. As maiores, como Saraiva e Abril Educação, podem não levar a ideia do escritor adiante. Isso acontece porque elas investem apenas nos livros que imaginam que venderão muitos exemplares e “rejeitam” um livro de pequeno porte. Já as editoras médias costumam fazer uma parceria com o escritor, cobrando dele parte dos custos de todo o trabalho e uma porcentagem das vendas.

A editora Laura Bacellar fez um levantamento da média de preços das diferentes etapas de produção de um livro. Segundo ela, a avaliação da proposta de um livro pode variar de R$ 400 a R$ 1.000, já a redação varia de R$ 3.000 a R$ 20.000. A edição, preparação e revisão somadas estão entre R$ 16 e R$ 42 a lauda (cerca de uma página). Fora isso, existe ainda a etapa mais cara, a impressão, que varia conforme o número de páginas, tipo de papel, tamanho, cores.

Escritores fogem das grandes

A poeta Karine Bassi se tornou editora também. Depois de ter uma experiência ruim com uma empresa, Karine se juntou a fotógrafos, ilustradores e revisores para montar a Editora Venas Abiertas. O objetivo é produzir livros a preços muito baixos e estimular novos escritores ou coletivos de escritores.

O primeiro livro da editora será “À Luta, À Voz”, comemorando 10 anos do sarau Coletivoz, com 22 autores. Dos 500 exemplares impressos, 450 já foram vendidos antes mesmo do lançamento. Todos os gastos saíram a R$ 3.500. “Para coletivos a gente não cobra o processo editorial do livro. A ideia é fomentar que consigam ter uma ascensão”, explica Karine.

Outros 18 autores vão lançar a à Revista Literária e também correram das grandes editoras, não só por causa do preço, mas pela relação entre empresa e autor. Organizada pelas escritoras Laetitia Jourdan e Luciana Abdo, a revista será impressa pela Editora Impressões de Minas, que também tem pequeno porte.

“O que faz, inclusive autores muito consagrados, escolher pequenas editoras é que existe uma relação pessoal que as grandes editoras não dão conta. Um livro é quase um filho”, analisa Laetitia, “as grandes empresas não conseguem sentar e trabalhar cada texto”.

Os lançamentos

O livro “À Luta, À Voz” será lançado 14 de abril, às 16h, no Museu de Minas e Metais (Praça da Liberdade), já a à Revista Literária será lançada em 12 de abril no Agosto Butiquim (Rua Esmeralda, 298).

Edição: Joana Tavares