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Medicina natural marcará presença na 3ª Edição da Feira da Reforma Agrária em maio

DF é uma das localidades que vem para a capital paulista com remédios e cosméticos direto de acampamentos do MST

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Feira acontece na capital paulista
Feira acontece na capital paulista - Pablo Vergara/MST
DF é uma das localidades que vem para a capital paulista com remédios e cosméticos direto de acampamentos do MST

Quando se fala de produção originária da reforma agrária popular das terras brasileiras, não são apenas os alimentos saudáveis e produzidos sem uso de agrotóxicos que marcam presença. Experiências do MST, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, têm mostrado que dos assentamentos pelo país também podem, por exemplo, nascer remédios naturais.

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Essa variedade de produtos estará disponível mais uma vez na cidade de São Paulo daqui a pouco menos de um mês, quando acontece a terceira edição da Feira Nacional da Reforma Agrária, entre os dias 3 e 6 de maio. Agricultoras e agricultores de todas as regiões do país se preparam para trazer a produção de seus assentamentos e acampamentos para a capital paulista.

Sandra Cantanhede, de 35 anos, é acampada do MST na capital brasileira, o Distrito Federal, e coordenadora do Coletivo de Saúde do Movimento na região e entorno. O grupo vem para a Feira trazendo remédios e cosméticos produzidos a partir das plantas medicinais. O objetivo é trabalhar a prevenção e promoção da saúde com práticas e saberes populares.

"Nas plantas medicinais são encontrados princípios ativos desde o antiinflamatório, calmante, o antiséptico, diurético, cicatrizante. A diversidade que tem nas plantas que cura desde aquela doença mais simples até a mais grave", explica Sandra. A variedade dos produtos é grande. "Para a feira, levaremos rapadura de gengibre, que é um antiinflamatório para inflamação de garganta; além de fitocosméticos, cosméticos produzidos a partir das plantas medicinais e da aromaterapia, que é com os óleos essenciais". 

O Coletivo de Saúde também trará shampoo natural para o fortalecimento dos cabelos, desodorante a base de leite de magnésio e sabonete líquido íntimo, feito a partir de aroeiro e barbatimão, plantas anti inflamatórias que ajudam na promoção da saúde das mulheres. Isso sem contar os produtos que ainda virão dos outros coletivos de saúde pelo país.

Sandra mora no acampamento "8 de março", nome dado em homenagem à jornada de luta das mulheres, localizado na região de Planaltina, no Distrito Federal. A terra, ocupada há seis anos, ainda divide espaço com o latifúndio e os acampados lutam para que ela seja destinada à reforma agrária. Apesar disso, o Acampamento já possui hortos medicinais, ou seja, uma diversidade de plantas que podem ser usadas para a produção dos medicamentos naturais. É de lá que sai parte dos produtos que virão para São Paulo em breve.

A acampada conta que a experiência de cuidado das famílias e militantes do Movimento com o uso dos remédios naturais tem tido bons resultados, mas o desafio para expandir esse aprendizado para a população ainda é grande. "O que falta é a gente colocar mais isso para a sociedade para que, de fato, ela se aposse das plantas medicinais que têm esse objetivo de cura. É desde o simples, o arranhãozinho, até o doença mais grave. A gente tem tido experiências de que serve sim, é capaz, é possível se tratar. As plantas medicinais não curam somente a doença física, mas esse cuidado com o corpo, da mente, da alma e das emoções - e isso encontramos no princípio ativo das plantas, para combater o estresse, depressão, insônia, nervosismo." 

Sobre as expectativas para a feira, Sandra não titubeia. Para ela, o evento será importante na promoção do diálogo entre o campo e a cidade brasileiros. "A expectativa está enorme, mas, acima de tudo, a expectativa é de mostrar, com os produtos vindos da reforma agrária, que é possível produzir produtos saudáveis, substituir os medicamentos convencionais pelas plantas medicinais, que podemos produzir o nosso próprio medicamento no fundo do nosso quintal, mesmo sendo um espaço pequeno."

Ela também reforça que um dos objetivos centrais é "deixar de fortalecer o capital farmacêutico. "Esse capital trabalha com os medicamentos convencionais e não traz a cura, traz doenças, e está deixando a sociedade cada vez mais doente e dependente dos remédios e das drogas, porque o comprimido é uma droga que traz efeitos colaterais". 

A terceira edição da Feira Nacional da Reforma Agrária acontecerá no Parque da Água Branca, na Barra Funda, bairro da região Oeste de São Paulo (SP).
 

Edição: Michele Carvalho