Greve

FUP: é um recuo estratégico, estamos preparando uma greve por tempo indeterminado

Diretor de comunicação da FUP, Gerson Castelano, afirma que seguir com greve agora poderia inviabilizar lutas maiores

São Paulo |

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Petroleiros encerram paralisação depois que o TST decidiu aplicar multa de R$2 mi aos sindicatos que aderissem
Petroleiros encerram paralisação depois que o TST decidiu aplicar multa de R$2 mi aos sindicatos que aderissem - Rovena Rosa/Agência Brasil

O diretor de comunicação da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Gerson Castelano, explicou as razões do fim da greve da categoria, antes do período inicialmente estimado de 72 horas.

Em entrevista à Rádio Brasil de Fato, ele contou que a decisão da Justiça de aumentar a multa aplicada aos sindicatos que aderiram a greve fez com que os petroleiros mudassem a estratégia. A multa, que havia sido estimada em R$ 500 mil, passou para R$ 2 milhões por dia.

Confira: 

Rádio Brasil de Fato - Você pode explicar porque os petroleiros decidiram encerrar a greve?

Gerson Castelano - Isso frustra um pouco todos que estavam lutando, entendendo que nós precisávamos fazer uma grande resistência, neste momento. Nós avaliamos todos os cenários possíveis. Mas essa decisão [da Justiça] contra o sindicato de aumentar uma multa de R$ 500 mil para R$ 2 milhões nos obrigou a avaliar a situação com muito critério, porque, isso poderia inviabilizar as nossas lutas maiores.

É importante lembrar que esta era uma greve apenas de advertência, deixamos claro isso, desde o começo. Advertência essa que até causou um efeito. Caiu um conselheiro ligado a Shell, o governo já está querende discutir a política de preços, mas, evidente que eles não cederiam aos nossos principais pontos que são: retirar o Pedro Parente e fazer uma discussão mais aprofundada sobre o preço dos derivados.

Mas, nós avaliamos que a greve cumpriu o seu objetivo e diante do que temos pela frente, que é uma greve por tempo indeterminado, nós corrermos o risco de ter nossos sindicatos interditados por questões financeiras seria muito perigoso. Esse recuo é estratégico.

Você pode falar um pouco mais sobre a queda do conselheiro da Petrobras e também abordar o pedido de abertura de CPI?

A gente entende que tivemos vitórias. Como eu já disse, o conselheiro que caiu, tem uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para ser discutida sobre o Pedro Parente. Que história é essa de existirem alguns milhões que foram para o banco no qual ele trabalhava antes? A gente jogou a luz para a sociedade, entre a mobilização que tiveram os caminhoneiros e a nossa greve, a discussão sobre o que é a Petrobras e a quem ela presta contas. É para o mercado ou para a sociedade? É para o governo, o maior acionista, ou para os grandes fundos que investem nela?  
 

Edição: Tayguara Ribeiro