Terra

Em Minas Gerais, trabalhadores sem-terra ocupam quarta fazenda de Eike Batista

A nova área ocupada localiza-se em São Joaquim de Bicas e é vizinha a um acampamento já consolidado

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Ocupação nas terras de Eike também é um protesto contra a mineração exploratória no Brasil
Ocupação nas terras de Eike também é um protesto contra a mineração exploratória no Brasil - Setor de Comunicação MST-MG

Aproximadamente 400 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra  (MST) ocuparam, nesta quinta-feira, dia 5, mais uma área do grupo de mineração falido MMX, do empresário Eike Batista, é a quarta ocupação em terrenos da MMX. As mesmas famílias de trabalhadores ocuparam na última terça-feira uma área em Igarapé também do empresário.

No entanto, diante da reação truculenta da polícia, o MST decidiu se retirar de Igarapé e ocupar uma outra fazenda do Eike Batista, que esta semana foi condenado a 30 anos de prisão por corrupção ativa e lavagem de dinheiro, envolvendo o governo do Estado do Rio de Janeiro. No mesmo processo, o ex-governador Sérgio Cabral, eleito pelo MDB, foi condenado a 22 anos e oito meses de cadeia.

 “A gente presenciou a polícia cumprindo o papel de cão de guarda dos interesses do capital hidromineral. O comando da polícia cumpriu ordens dadas na nossa frente pelos encarregados da MMX para nos expulsar. Esses parasitas destroem nossos bens naturais e acham que a propriedade privada está acima das vidas de crianças, idosos e de todos trabalhadores e trabalhadoras”, disse a dirigente estadual do MST, Mirinha Muniz. 

A nova área ocupada localiza-se em São Joaquim de Bicas e é vizinha a um acampamento já consolidado. “Não importa quantas vezes eles tentem nos ameaçar, nos coagir ou violentar, vamos continuar porque essa luta é justa, é necessária às famílias que não tem onde viver e trabalhar e é fundamental para alimentar o Brasil”, explicou Mirinha.

Desta vez, o movimento está preparado para se manter na área ocupada, garantiu Jô Aquino, da direção regional, “eles se enganam achando que com um despejo podem nos parar. Essas pessoas precisam da terra. Eike ficará 30 anos preso e nós vamos passar mais 30 anos ocupando terra e fazendo a luta. Até derrotar o golpe, derrotar as mineradoras e aqueles que querem transformar a água em mercadoria. Até fazer a Reforma Agrária Popular”.

A ação integra a campanha de memória do MST que, em 2018, completou 30 anos de organização em Minas Gerais. O lema escolhido é “30 anos de MST-MG, semeando e alimentando a ousadia".

De acordo com o processo, Eike Batista pagou cerca de R$ 52 milhões em propina a Sérgio Cabral. 
 

Edição: Juca Guimarães