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Houve corrupção na Copa do Mundo da Rússia?

Daniel Giovanaz, correspondente do Brasil de Fato na Rússia, reponde à questão do quadro

Ouça o áudio:

A Copa do Mundo de 2018 foi realizada em 12 estádios e em 11 cidades.
A Copa do Mundo de 2018 foi realizada em 12 estádios e em 11 cidades. - Roscosmos/ Fotos Públicas
Daniel Giovanaz, correspondente do Brasil de Fato na Rússia, reponde à questão do quadro

A Federação Internacional de Futebol (FIFA) foi alvo de investigações do FBI e do Departamento de Justiça americano por causa de suas atitudes financeiras e políticas. Dirigentes da Fifa e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) foram presos em 2015, entre eles o ex-presidente da CBF, José Maria Marin, e o vice-presidente da Fifa e chefe da Confederação de Futebol da América do Norte, Central e Caribe (Concacaf), Jeffrey Webb. As acusações envolvem fraudes e extorsões em esquemas que funcionam desde a década de 1990. 

Diante de todas essas informações, a ouvinte Clara perguntou: 

"Meu nome é Clara, e quero saber: durante o processo de montagem da Copa na Rússia existiram esquemas de corrupção e  desvios de verba?"

O Daniel Giovanaz, correspondente do Brasil de Fato na Rússia que acompanhou de perto os detalhes da Copa do Mundo, responde: 

"Oi, Clara. Muito obrigado pela sua pergunta. Aqui quem fala é Daniel Giovanaz, correspondente do Brasil de Fato na Copa da Rússia. Desde o início da cobertura nós temos tomado bastante cuidado ao falar de casos de corrupção, porque nenhum dos desvios ou pagamento de propina para construção dos estádios foi comprovado. Muitas vezes a imprensa condena antes da própria sentença judicial e a gente não quer incorrer em acusações infundadas. O que existe, até agora, são indícios de superfaturamento. A Arena Zenit, em São Petersburgo, por exemplo, teve seu orçamento alterado duas vezes durante as obras. O valor final foi estimado em R$ 2,3 milhões, quase o dobro do projeto inicial e R$ 400 mil a mais que o estádio Mané Garrincha, em Brasília, para você ter uma base de comparação. Em 2016, o vice-governador da região chegou a ser preso por suspeita de participação nos desvios, mas as investigações sobre esse caso seguem em sigilo e ainda não foram concluídas. Assim como no Brasil, várias obras prometidas para o período da Copa não foram entregues. E circula na imprensa local a hipótese de que desvios de verba teriam atrasado a finalização. A principal obra que não saiu do papel foi um trem de alta velocidade que deveria conectar a capital Moscou à cidade-sede de Kazan, na República do Tatarstão. Espero ter ajudado a satisfazer a sua curiosidade, Clara. O fato é que o tempo da mídia é diferente do tempo do Judiciário. A expectativa por aqui é que, passada a euforia do Mundial, os casos sob suspeita sejam devidamente apurados e os responsáveis, punidos". 

Edição: Júlia Rohden