Minas Gerais

OPINIÃO

Editorial | O impeachment antes da eleição

Imprensa empresarial e Judiciário atuam com punitivismo seletivo

Brasil de Fato | Belo Horizonte (MG) |
Ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff
Ex-presidentes Lula e Dilma Rousseff - Ricardo Stuckert/Instituto Lula

Dois anos atrás, Dilma, eleita com 54 milhões de votos, foi removida do poder através de um impeachment sem crime de responsabilidade. Em 2018, o impeachment vem antes da posse e mesmo antes do pleito. O golpe, aqui, é desferido pelas mesmas forças que depuseram Dilma, porém contra Lula. Sua prisão, depois de processo que confirma a crítica à seletividade, velocidade e desrespeito a valores básicos da Constituição, só aconteceu para impedir que vença já em primeiro turno. 
É o que, aos poucos, fica claro até para alguns daqueles que se iludiram com as ruas verde-amarelas e os atos de “combate à corrupção”.  
O absurdo é ainda maior graça ao papel da imprensa empresarial que perdeu qualquer pudor e esconde os detalhes mais reveladores da situação de nítida perseguição. Desprezou, por exemplo, os gestos do Papa Francisco ao revelar sua simpatia por Lula. Procurou desacreditar o comitê das Nações Unidas que afirmou o direito do ex-presidente de concorrer. Ocultou – e prossegue ocultando – as manifestações de juristas, políticos, chefes de estado, intelectuais e artistas de todo o mundo a favor de Lula. Sonegou as imagens da grande marcha que coloriu Brasília de vermelho para registrar sua candidatura.
Menos mal que, como apontam as pesquisas, o conluio entre mídia, judiciário e poder econômico, com seu punitivismo seletivo, estão perdendo credibilidade. A ponto de não conseguirem impulsionar o candidato de sua preferência, hoje sob risco de não alcançar o 2º. turno. 

São dias decisivos
Os golpistas perseguem a principal candidatura de esquerda, porém não apagam o fato: os trabalhadores querem um candidato preocupado com questões sociais. O Judiciário segue manobrando, mas a população trabalhadora deve fazer valer os seus direitos.
Quem quiser ficar buscando alternativa à polarização, e uma terceira via, pode buscar, mas estarão desconsiderando a realidade concreta, e o caminho possível para derrotar o golpe. Se quiserem achar que as eleições são só mais um embate, e que podemos nos dar ao luxo de correr o risco de um segundo turno entre neoliberalismo e fascismo, saibam que podem estar ajudando a cimentar longos e sombrios anos da ditadura neoliberal, midiática e Judiciária.
Pelos nossos direitos, pela democracia e pelo futuro do país, é preciso fazer contra os candidatos da base de sustentação de Temer (Alckmin, Bolsonaro, Marina, Meirelles) e pela chapa Lula/Haddad/Manuela.

Edição: Joana Tavares