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Presidente licenciado da CUT reage a paródia ofensiva divulgada no Recife

Carlos Veras lançou nota contra música feita por apoiadores de Bolsonaro que agride as mulheres e a CUT

Brasil de Fato | Recife (PE) |
“Chamar as trabalhadoras e os trabalhadores brasileiros de ‘mortadelas’ e as mulheres de ‘cadelas’ é de um brutal desrespeito"
“Chamar as trabalhadoras e os trabalhadores brasileiros de ‘mortadelas’ e as mulheres de ‘cadelas’ é de um brutal desrespeito" - Reprodução

O presidente licenciado da Central Única dos Trabalhadores em Pernambuco (CUT PE), divulgou nota em que repudia a paródia da música “Baile de Favela”, cantada por apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL) em apoio ao presidenciável que aconteceu no domingo (23), no bairro de Boa Viagem, no Recife. A música tem trechos ofensivos as mulheres, aos pobres e uma citação direta a CUT, entre outras frases preconceituosas.

Veras se licenciou da presidência da Central para disputar uma vaga na Câmara Federal pelo Partido dos Trabalhadores. Na nota divulgada ainda na noite de ontem, o sindicalista afirma que “Chamar as trabalhadoras e os trabalhadores brasileiros de ‘mortadelas’ e as mulheres de ‘cadelas’ é de um brutal desrespeito que nem mesmo as cidadãs e os cidadãos, por mais conservadores que sejam, podem concordar com tamanha afronta à honra, às ideias e aos ideais das pessoas.”.

Lembrou ainda as atividades de campanha realizadas por Fernando Haddad (PT) e Manuela D’Ávila (PC do B), candidatos à presidência e vice-presidência, respectivamente, em Pernambuco no último final de semana que reuniram milhares de pessoas em Recife, Caruaru e Petrolina e sem registros de ataques aos adversários. 

Na mesma nota o presidente licenciado e agora candidato convoca as pessoas, mesmo os que têm projetos políticos diferentes para elevar o nível do debate com propostas. A nota ainda defende os direitos das mulheres ao próprio corpo e a segurança alimentar para todos os brasileiros, se contrapondo frontalmente a letra da paródia.

Confira a nota na íntegra:

Nota de Repúdio 

Como presidente licenciado da Central Única dos Trabalhadores de Pernambuco (CUT/PE) e candidato a deputado federal representando os direitos da classe trabalhadora e dos sujeitos submetidos à exclusão e ao preconceito, é sem surpresa, mas com enorme indignação que venho por meio desta nota pública manifestar nosso absoluto repúdio contra o tratamento dado às mulheres e aos trabalhadores durante a manifestação ocorrida hoje em Boa Viagem (Recife-PE), promovida pelos “bolsonaristas” supostamente em defesa da “família”. Chamar as trabalhadoras e os trabalhadores brasileiros de “mortadelas” e as mulheres de “cadelas” é de um brutal desrespeito que nem mesmo as cidadãs e os cidadãos, por mais conservadores que sejam, podem concordar com tamanha afronta à honra, às ideias e aos ideais das pessoas. 

As manifestações em defesa de posições políticas e partidárias são absolutamente legítimas, contudo devem ser pautadas pelos princípios do respeito às pessoas e coletivos que têm perspectivas diversas de mundo, bem como se fundamentar em bases pacíficas que promovam e fortaleçam a democracia em nosso País.

Nós que compomos o outro polo desse extremo, realizamos neste sábado uma linda caminhada com o nosso candidato Fernando Haddad e aliados na qual reunimos milhares de pessoas que com a gente percorreram as ruas do centro do Recife como muita alegria e pacifismo para comunicar a sociedade sobre o nosso projeto, tendo em vista a construção de um País justo, inclusivo e soberano sem atacar em nenhum momento, sob nenhuma hipótese, nenhum dos opositores e nem seus apoiadores. 

É oportuno, mais uma vez, alertar a sociedade brasileira sobre as consequências nefastas de se alimentar a intolerância, o ódio e a violência como soluções para uma nação que ainda sofre com acentuadas desigualdades de classe, raça, etnia, gênero e orientação sexual e com as mazelas da pobreza e do analfabetismo. 

Assim, convocamos todas e todos, mesmo aquelas e aqueles que têm projetos de sociedade diferentes do nosso, para elevarmos o nível desse debate com propostas que ajudem a retirar Brasil do abismo onde se encontra e construirmos uma nação cujo nível do debate não seja a quantidade de pelos no corpo de uma mulher, mas o direito da mulher sobre seu próprio corpo; um debate que não se restrinja à mortadela, mas se amplie para o direito de todas as brasileiras e brasileiros à segurança alimentar com mesa farta e alimentos de qualidade.
 

Edição: Monyse Ravenna